Em Madrid, durante este fim-de-semana fala-se de feminismo, de ecologismo, de imperialismo, de pacifismo e de todos as lutas que cabem na luta global por um mundo mais justo e igualitário. O dia de ontem foi preenchido com um Tribunal Permanente dos Povos, que continuará na segunda.
A cimeira dos povos é organizada por duas redes de movimentos: a campanha “Contra a Europa do capital, a guerra e a sua crise, pela solidariedade entre os povos” [www.hablamosdeeuropa.org] e a Rede Birregional Europa-América Latina e Caraíbas “Enlazando Alternativas” [www.enlazandoalternativas.org]. O Bloco de Esquerda está presente também com algumas dezenas de militantes.
Muitas centenas de pessoas juntam-se na Faculdade de Matemáticas da Complutense em Madrid para a cimeira dos povos - as inscrições ainda estão em curso neste momento, não há números certos de presenças. Quase todo o espectro das grandes preocupações se reflecte em cerca de 75 painéis que reúnem várias comunicações.
Há uma energia e entusiasmo muito fortes entre os presentes que têm as mais diversas proveniências nacionais, com o castelhano (vulgo espanhol na América do Sul) a unir as comunicações formais e as conversas que informalmente se vão gerando. Ou como dizia uma participante brasileira esse novo idioma bolivariano, o portuñol, que como não tem gramática não tem erros. Entre os e as assistentes há uma distribuição equilibrada de géneros, entre os comunicantes há, da parte dos movimentos sociais um predomínio de mulheres sobretudo das populações indígenas das Américas. À hora do almoço juntamo-nos no jardim a comer na relva e vêm-se roupas de mulheres indígenas bordadas à mão, uma mulher com o lenço de cabeça das Mães da Plaza de Mayo e o retrato ao pescoço do familiar desaparecido, mais e menos jovens de rastas, um indígena com a sua coifa de penas, um ou outro Haitiano, avulta muita gente jovem. Há bancas de diversos colectivos, Izquierda Anti-Capitalista, ATTAC, Nouveau Parti Anti-Capitaliste, Ecologistas en Acción, bancas de comida de vários pontos do Mundo.
Este sábado chegou a marcha contra a Europa do Capital, Lisboa-Madrid. Domingo de manhã, estão previstos eventos culturais vários e mais debates. De tarde marcharemos na rua entre as 12.30 e as 16.30h.
Em paralelo, vai havendo lugar à poesia e ao canto que entremeiam as apresentações. Porque para ser anti-capitalista há que cultivar a imaginação e para isso a poesia é uma arma forte, dizem. Fica então este poema de Antonio Machado que ouvimos aqui há pouquinho:
«Diz a esperança: um dia
a verás, se bem esperas.
Diz a desesperança:
a tua amargura apenas é ela.
Late coração... Nem tudo foi tragado pela terra».
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