terça-feira, 18 de maio de 2010

British Petroleum: a sombra de Chernobyl

Marénegra no Golfo do México visata de satélite. Foto de NASA 
Goddard Photo and Video Muitos comparam erradamente o desastre no Golfo do México ao derrame do Exxon Valdez, em 1989. Mas o parâmetro de comparação mais adequado é Chernobyl. Por Alejandro Nadal, La Jornada
A British Petroleum garante que pagará os custos do desastre no Golfo do México. Mas o poço continua sem controlo, jorrando diariamente milhares de barris de petróleo e gerando o pior desastre petrolífero da história suja dessa indústria. Na realidade, nem a BP nem o governo dos Estados Unidos poderão cobrir o custo desta tragédia, que muitos comparam erradamente ao derrame de Exxon Valdez no Alasca, em 1989. Infelizmente, devido à sua extensão e duração, o parâmetro de comparação mais adequado é Chernobyl.
Quando um navio tanque encalha e começa a verter a sua carga, sabemos pelo menos quantos milhares de barris transporta. Mas, no caso do desastre da plataforma Deepwater Horizon, desconhece-se a quantidade que será derramada. Tudo vai depender das operações de encerramento do poço que, segundo dados da BP, produz uns 5 mil barris diários. Outros cálculos, talvez mais realistas, situam esta cifra em cerca de 25 mil barris diários. Até hoje, os esforços para controlar a catástrofe foram inúteis, e encerrar o poço pode demorar semanas. Mesmo aceitando os dados conservadores da petrolífera, o derrame do Golfo do México encaminha-se velozmente para ultrapassar o de Exxon Valdez (250 mil barris).
A plataforma Deepwater Horizon foi construída em 2001 nos estaleiros da Hyundai, em Ulsan, Coreia. Esta estrutura flutuante com pontões e tanques de balastro nas suas gigantescas colunas foi desenhada para efectuar perfurações em águas muito profundas. Estava dotada de um sistema de geoposicionamento dinâmico que lhe permitia permanecer fixa relativamente a um ponto no fundo do mar. Esta tecnologia utiliza sensores de correntes e de ventos para activar os motores que permitem à plataforma permanecer fixa no mar. A georreferência é proporcionada por um ou mais giroscópios e todo o sistema é coordenado por computador. Em Setembro de 2009, a Deepwater Horizon perfurou o poço submarino mais profundo do mundo, com cerca de 10.700 metros (dos quais 1.260 correspondem à coluna de água). Em poucas palavras, esta é a tecnologia mais avançada em matéria de perfurações em águas muito profundas.
As empresas que detêm plataformas na zona económica exclusiva dos Estados Unidos, no Golfo do México, sempre fizeram alarde da sua capacidade tecnológica e da probabilidade muito reduzida de acidentes com derrames. Por isso sempre afirmaram que, mesmo no caso de um derrame, as consequências ambientais e noutras actividades económicas (pesca, turismo) seriam pequenas, temporárias e fáceis de reparar.
Quando ocorreu a explosão e o incêndio, a plataforma operava a cerca de 80 km a sudeste do delta do rio Mississipi. O seu trabalho consistia em dar os toques finais no poço, preparando o revestimento de cimento que deveria permitir a sua exploração comercial. A origem da explosão continua a ser desconhecida mas, tal como em Chernobyl, a reacção inicial dos responsáveis (BP e entidades reguladoras) foi minimizar as consequências do acidente.
A 31 de Março, Obama anunciou que a sua administração abriria milhões de quilómetros quadrados à exploração e perfuração submarinas no Golfo do México, no litoral atlântico dos Estados Unidos e no norte do Alasca. Não se sabe quanto crude pode existir nas jazidas submarinas das zonas abertas à exploração, mas os dados geológicos indicam que, no melhor dos casos, só chegariam para cobrir o consumo norte-americano durante um ano. Estamos a falar de uma quantidade ridícula em troca de um prejuízo ambiental extraordinário.
No litoral dos Estados Unidos relativo ao Golfo do México operam 3.858 plataformas de perfuração submarina. Mas todas essas plataformas petrolíferas contribuem apenas com 1,6 milhões de barris diários para o consumo dos Estados Unidos, que ultrapassa os 19,5 milhões de barris diários. Os Estados Unidos não atingirão a autonomia energética através da abertura de novos campos ao desastre ambiental.
O paralelismo com a indústria nuclear tem outro componente: a limitação da responsabilização dos responsáveis pelo desastre. A legislação federal nos Estados Unidos estabelece que a BP deverá pagar os custos da reparação, mas limita a sua responsabilidade por danos económicos a apenas 75 milhões de dólares, uma migalha. A esse respeito, a BP deverá receber a factura do custo das operações, mas quem pagará o prejuízo dos ecossistemas destruídos?
O Torrey Canyon, o primeiro navio tanque que, em 1967, encalhou e derramou o seu carregamento diante da costa da Inglaterra, transportava 120 mil toneladas de crude. O barco, partido a meio, chegou a ser bombardeado com 3 mil galões de napalm, numa tentativa de queimar o petróleo e evitar o derrame. Operação inútil, evidentemente, mas um bonito exercício de tiro ao alvo para a Royal Navy. Um exemplo edificante de como se podem resolver os problemas que nos coloca a tecnologia moderna.
Alejandro Nadal é membro do Conselho Editorial de SINPERMISO.
5 de Maio de 2010
Tradução de Helena Pitta

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.