quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

WikiLeaks: De que “diplomacia” afinal se trata?

Em democracia, as pessoas têm direito de saber o que o governo realmente faz. Em pseudo-democracias, quaisquer contos de fadas narrados por autoridades e repetidos nos média são suficientes. Por Norman Solomon, Commondreams
Os documentos estão a ser divulgados diariamente

Comparados aos telegramas secretos que o WikiLeaks acaba de partilhar com o mundo, todas as declarações das autoridades governamentais são meros exercícios de fazer-crer.
Em democracia, as pessoas têm direito de saber o que o governo realmente faz. Em pseudo-democracias, quaisquer contos de fadas narrados por autoridades e repetidos nos jornais e televisões são suficientes.
Fachadas ditas “diplomáticas” muitas vezes são apresentadas como se fossem factos. Mas vez ou outra a máscara cai – para que o mundo inteiro veja –, o que acaba de acontecer nessa descomunal fuga de telegramas do Departamento de Estado.
“Estados são entidades governadas por mentirosos”, observou o jornalista independente I. F. Stone1. “Ninguém deve acreditar em mentirosos.” A extensão e a gravidade das mentiras variam de governo a governo – mas nenhum “pronunciamento” das capitais mundiais deve ser levado a sério.
Quanto aos EUA, o governo está em guerra há mais de nove anos, ainda sem data para terminar. Como o Pentágono, o Departamento de Estado só trabalha para atender os interesses do estado de guerra. Militares e diplomatas são peças móveis dessa mesma vasta máquina de guerra.
A guerra exige um pesadíssimo escudo de meias mentiras, totais mentiras, mentiras desavergonhadas, falsidades. Com o esforço de guerra em plena arrancada, as contradições entre o que o público sabe e os objectivos jamais revelados – ou entre a retórica grandiloquente e as terríveis consequências humanas – não sobrevivem à luz do dia.
Detalhes de tenebrosas transações e alianças entre Washington e ditadores assassinos, tiranos corruptos, senhores-da-guerra, traficantes, estão entre os mais bem guardados desses quase-segredos. Praticamente tudo que os média publiquem pode ser manipulado ou descartado pelas autoridades, mas telegramas diplomáticos divulgados antes de baixar a poeira das últimas mortes são mais difíceis de ignorar.
Por causa da massiva dependência absoluta da força militar – o que resulta sempre em crescente carnificina e num rastro de luto e fúria, no Afeganistão, no Paquistão e por toda parte – o governo dos EUA tem buracos colossais entre o que relatam os roteiros dos publicitários e de ‘relações públicas’ e as realidades da guerra e do fazer guerra.
O mesmo governo que dedica quantidades tremendas de recursos para continuar a empregar violência militar em distantes pontos do mundo é obrigado a zelar atentamente pela própria credibilidade e decência, no trato com o ‘público nacional’, connosco, os que vivemos nos EUA. Mas essa tarefa, que cabe essencialmente aos “Relações Públicas”, vai-se tornando cada vez mais difícil, quando acontece que documentos do próprio governo dos EUA continuem a ser tornados públicos e, todos, com informações diferentes das que conhecemos por aqui.
Nenhum governo deseja encarar documentos reais de políticas reais, objectivos, prioridades, que contradigam frontalmente todos os protestos de alta virtude do próprio governo. Em sociedades nas quais se respeitem as liberdades democráticas, os governos que mais têm a temer de fugas reveladoras são os que mais e por mais tempo tiverem mentido aos seus próprios cidadãos.
As recentes fugas do WikiLeaks são especialmente terríveis, por causa dos contrastes extremos que se vêem entre o que os representantes dos EUA dizem aos cidadãos norte-americanos e o que realmente fazem. Estranhamente, a reacção padrão daqueles representantes e governantes dos EUA é culpar quem divulgou os fatos.
“Condenamos nos termos mais vigorosos a distribuição não autorizada de documentos secretos e informação sensível da nossa segurança nacional” – disse a Casa Branca no domingo.

E o senador Joseph Lieberman denunciou “acção vergonhosa, ignóbil, desprezível, que reduz a capacidade do nosso governo e dos nossos parceiros trabalharmos juntos para defender os nossos interesses vitais”. Para garantir, também escreveu pelo Twitter: “A divulgação deliberada dos telegramas, por WL, é nada menos que ataque directo à segurança nacional dos EUA”.
Mas... que tipo de “segurança nacional” se pode esperar, construída de tantas mentiras? Que segurança alguma nação poderia obter, de um governo que é desmentido e desacreditado por documentos que ele mesmo escreve, assina, depacha e lê?
29/11/2010
Norman Solomon é jornalista, escritor e historiador. Trabalha hoje na Commission on a Green New Deal for the North Bay.
Traduzido pelo colectivo da Vila Vudu

1 Isidor Feinstein Stone, mais conhecido como Izzy Stone (Haddonfield, Nova Jersey, 24 de Dezembro de 1907 – Boston, Massachusetts, 17 de Julho de 1989) foi um jornalista norte-americano. Escreveu durante 30 anos para diversos jornais, tais como PMDaily CompassNew York StarInquirer (já extintos), foi editor associado do semanário The Nation (1938) e colaborador no New York Post (1933-1939). Durante 19 anos (1953–1971) editou e publicou oI.F. Stone Weekly, um jornal alternativo que chegou a ser um dos mais mais bem informados do mundo. Stone publicou ao todo 12 livros e é até hoje considerado um dos maiores jornalistas do século XX.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.