quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Agora a bola está do nosso lado

A cimeira de Cancún surge como mais uma tentativa de reanimar um mercado especulativo que apresenta já sinais de fraqueza.
Com a Cimeira de Cancún, encerra-se mais uma ronda negocial de um processo que dura há dezoito anos. Desde a famosa Cimeira da Terra que o único resultado das negociações climáticas foi o Protocolo de Quioto, assinado em 1997 mas ratificado apenas em 2005. Este acordo prevê uma redução nas emissões de gases com efeito de estufa nos países industrializados de 5% até 2012, ao mesmo tempo que permite a estes países comprar o direito de poluir através do mercado de carbono, um dos maiores mercados especulativos da actualidade.
A abordagem de mercado falhou redondamente nos seus objectivos. As emissões mundiais não só têm aumentado como até têm aumentado a taxas crescentes. Na União Europeia, onde foi criado um mercado de carbono abrangendo os maiores poluidores, as emissões apenas começaram a descer em 2008, graças à crise. O Canadá tem seguido uma política de industrialização que o vai colocar em incumprimento e não é certo se o Japão irá cumprir Quioto. Quanto aos EUA, como é bem conhecido, não assinaram o protocolo.
Pior ainda, o mercado de carbono permite que qualquer empresa possa vender créditos de carbono se conseguir convencer os órgãos responsáveis das Nações Unidas de que está a reduzir emissões. Pelo caminho, transformou-se a ONU numa organização de comércio e as negociações climáticas em negociações comerciais.
A cimeira de Cancún surge neste contexto como mais uma tentativa de reanimar um mercado especulativo que apresenta já sinais de fraqueza. A solução apresentada para proteger as florestas, o projecto REDD (Redução de Emissões da Desflorestação de Degradação de Florestas), consiste em atribuir créditos de carbono a quem for dono de florestas, créditos que depois podem ser usados pelos poluidores para continuarem a poluir. A solução apresentada para reduzir as emissões da queima de carvão, no lugar de reduzir o uso deste combustível, consiste em recompensar com créditos de carbono projectos de captura e armazenamento de carbono, uma perigosa e não testada tecnologia que consiste em injectar as emissões poluentes no subsolo. A solução para a injustiça tremenda que consiste em termos já centenas de milhar de seres humanos a morrer nos países pobres como resultado das emissões dos países ricos consiste em atribuir aos primeiros uma ajuda externa na forma de créditos (agravando o seu endividamento).
No que realmente era importante, o acordo sobre um plano para reduzir emissões (na sua maioria, provenientes da queima de combustíveis fósseis), Cancún nada adiantou. Os acordos finais mencionam a necessidade de limitar o aumento da temperatura média global a 2ºC, um nível perigoso para os países mais vulneráveis, sem, contudo, especificar como esse objectivo será concretizado. Também é mencionada a intenção de transferir tecnologias verdes para os países pobres, de forma a que possam oferecer energia limpa às suas populações, mas, uma vez mais, nada é dito sobre como o fazer. Quanto a compromissos para as emissões, apenas se refere o adiamento de qualquer decisão para cimeiras posteriores.
Christiana Figueres, a presidente da Convenção sobre o Clima, que dirige o processo negocial, afirmou que o objectivo das negociações tinha sido cumprido. Tendo em conta que Figueres tem uma larga experiência na direcção de empresas que lucram com a especulação no mercado de carbono, podemos compreender o que a palavra “sucesso” significa para ela.
A Bolívia, por outro lado, fez questão de manifestar o seu desacordo com a resolução final. Para o governo de Evo Morales, o resultado das negociações climáticas implica um genocídio, contra o qual os povos do mundo se devem revoltar. Tendo em conta as previsões científicas mais recentes, estas palavras são tudo menos irreflectidas. De facto, as alterações climáticas matam já 300.000 pessoas por ano e a situação piorará de ano para ano se nada for feito. Num futuro com mais tempestades, menos água, maior instabilidade no clima e menos terra arável, os povos da América Latina, de África, do Sudeste Asiático e da Oceânia terão de se esforçar cada vez mais para sobreviver e mesmo os países desenvolvidos enfrentarão cada vez mais os efeitos das suas emissões poluentes.
Noutro extremo, países como os EUA, o Japão, o Canadá e a Rússia têm-se oposto à continuação do Protocolo de Quioto, pretendendo substitui-lo por um acordo voluntário e ineficaz. Uma geração depois da Cimeira da Terra, estes países continuam tão entrincheirados na sua dependência em relação ao petróleo, ao carvão e ao gás natural, que pretendem fazer o mundo andar para trás. A União Europeia, por seu lado, anda a reboque dos EUA. A estratégia destes países faz lembrar o famoso conselho de João Pinto, ex-jogador do Futebol Clube do Porto: quando à beira de um precipício, há que dar um passo em frente.
Pelo meio, está a maioria do mundo, que vive em países menos desenvolvidos ou em desenvolvimento. As populações destes países têm poucas hipóteses de se fazer ouvir nas negociações da ONU, pela forma anti-democrática como são organizadas. Pior, têm de enfrentar governos (frequentemente ditatoriais) que negoceiam tratados que lhes são desvantajosos, a troco de promessas de ajuda externa. Se alguma dúvida ainda houvesse sobre o facto de vivermos numa ordem mundial imperialista, esta dúvida desfez-se quando os telegramas das embaixadas dos EUA foram revelados pela Wikileaks.
Cabe às populações fazer o que os seus governos se recusam a fazer e enfrentar o poder dos grupos económicos estabelecidos em torno da nossa dependência de combustíveis fósseis. Na Europa e nos EUA surgem já grupos que invadem centrais a carvão, refinarias de petróleo e até os bancos que as financiam, enfrentando a perseguição política e a ameaça de prisão. Nos países pobres, movimentos e comunidades organizam-se e defendem o seu direito à vida, sendo frequentemente reprimidos violentamente. Em última instância, a nossa sobrevivência colectiva depende do sucesso destas lutas.

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.