quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Solução do Governo para o desemprego é facilitar os despedimentos

O conselho de ministros de hoje dar-nos-á o retrato do pântano em que estamos a mergulhar, com um Estado mínimo, com direitos mínimos e abuso máximo.
O debate de urgência sobre o salário mínimo e as leis laborais, que o Bloco de Esquerda traz hoje ao parlamento, responde às questões mais importantes da vida nacional. É o debate necessário no tempo certo. É o debate que confronta o governo com as suas promessas e com as suas decisões.
Mas é também um debate perturbado por mistérios.
O mistério do desaparecimento da ministra do trabalho, que aqui devia estar a responder ao parlamento.
O mistério de um conselho de ministros que reuniu de manhã para tratar da alteração à lei laboral e que, à hora a que começamos este debate, ainda nada comunicou sobre as suas conclusões. Mas estou certa de que o ministro Jorge Lacão vai tudo esclarecer sobre como é que o governo quer criar emprego facilitando os despedimentos.
Porque o país não pode aceitar nem adiamentos nem fingimentos.
Começo por isso com o salário mínimo. O governo reuniu-se hoje de manhã e, ao que se sabe, decidiu não decidir nada sobre o assunto. O Salário Mínimo devia passar dentro de 15 dias a 500 euros, por um acordo negociado, prometido e assinado há anos. É o governo que tem na sua mão a decisão. São centenas de milhares de trabalhadores que deveriam receber o que lhes foi prometido, um pouco menos de um euro de aumento por cada dia de trabalho. Esses trabalhadores são a gente que não recebe dividendos, que não tem prémios de gestão, que não conta a economia por milhões: é a gente de trabalho, os que lutam por sobreviver. O salário mínimo é a barreira contra a pobreza, é a medida do mínimo de dignidade. Cumprir o prometido e pagar os 500 euros a partir de 1 de Janeiro é a dívida da sociedade para com estes trabalhadores.
Não nos diga, senhor ministro, que só vai ser no dia da Consoada que vai comunicar aos trabalhadores que o governo se recusa a cumprir a sua palavra.
O governo não se reuniu somente para decidir não decidir sobre o salário mínimo. Reuniu-se também para tomar uma medida de fundo: alterar mais uma vez a lei laboral para facilitar os despedimentos.
Num dia em que se encontra em Lisboa uma delegação do FMI e na véspera de um Conselho Europeu em que José Sócrates quer apresentar mais medidas económicas, o conselho de ministros identifica o problema fundamental do país.
Há 609.400 desempregados. Este ano, houve ainda 383.769 pessoas que foram retiradas da lista dos desempregados. Nunca na história de Portugal houve tantos desempregados. Nunca foi tão fácil despedir. Nunca houve tantos trabalhadores precários, que nem chegam a ser despedidos porque o contrato termina na próxima semana. O problema, portanto, conclui o governo, é que é preciso facilitar os despedimentos.
Bem sei que o governo é aconselhado pelos melhores especialistas. O Comissário Olli Rehn dá-nos lições sobre a alteração necessária da “rigidez do mercado laboral e do processo da formação dos salários em Portugal”. E o FMI não diz outra coisa.
Sensível aos especialistas, o governo mobilizou-se como uma só voz para a modernização da lei. Logo no dia seguinte à proposta da Comissão veio o 1º Ministro anunciar a posição de fundo do governo: “a resposta é sim, e dentro de dias direi qualquer coisa”.
No outro dia o Ministro das Finanças esclarece tudo: “Não estão fora de hipótese alterações ao código do trabalho”.
Acrescenta logo o Ministro da Economia que “ são necessárias mudanças no domínio do código do trabalho para simplificação administrativa”.
Depois entra a Ministra do Trabalho a advogar que o que é preciso é “optimizar” o actual código do trabalho.
Já só falta mesmo saber a opinião do Ministro dos Assuntos Parlamentares para conhecer toda a cornucópia de especialistas na liberalização da lei laboral.
Aqui está então uma proposta que o governo tem vindo a sugerir: um fundo para financiar os despedimentos. Cria-se o fundo, mas não se sabe quem o paga. O fundo terá dinheiro, mas não nos dizem de onde vem – adivinha-se a solução espanhola, com o financiamento pelos impostos e pela segurança social. O trabalhador pagará o seu despedimento, eis a magnífica invenção do autoritarismo liberal no seu esplendor.
Porque estamos mesmo a discutir responsabilidade.
Responsabilidade sobre as alterações ao código do trabalho.
Responsabilidade sobre o cumprimento do acordo do aumento do salário mínimo nacional.
Porque já conhecemos como começou e por onde continua esta lamentável novela.
O Governo já reduziu a abrangência do subsídio de desemprego, já cortou os apoios sociais, como o abono de família. E, é claro, não aceitou tributar nem as mais-valias das empresas nem os dividendos dos accionistas.
A chamada agenda para o crescimento promete o que não cumpre e mas nunca hesita em penalizar os bodes expiatórios de sempre.
O conselho de ministros de hoje dar-nos-á o retrato do pântano em que estamos a mergulhar, com um Estado mínimo, com direitos mínimos e abuso máximo.
Há rigidez do emprego, diz o governo. E os trabalhadores em empresas participadas pelo Estado, como a Groundforce, são despedidos às centenas por email.
Se a sua solução para o desemprego é facilitar os despedimentos, não concluímos só que o PS se converteu completamente ao liberalismo e autoritarismo mais agressivo. Concluímos também que o governo desistiu do país. Essa é a urgência deste debate.
Intervenção de abertura do debate de urgência “Legislação laboral e Salário Mínimo Nacional” na Assembleia da República a 15 de Dezembro de 2010

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.