quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Wikileaks: A transparência é o valor da democracia

O BCP é um caso crónico de má relação com segredos...
"Mesmo em países autoritários, as redes de informação estão a ajudar os cidadãos a descobrir novos factos e a escrutinar os governos (…). Os Estados Unidos acreditam na verdade e é essa crença o que traz me aqui hoje". Assim falava, em Janeiro de 2010, a secretária de Estado norte-americana. Hillary Clinton referia-se à China e ao Irão, claro, mas é agora o seu governo que avisa que está a vigiar as redes sociais privadas dos estudantes universitários norte-americanos e que qualquer comentário sobre a Wikileaks inibirá quem o fizer de ocupar cargos públicos.
O tempo mudou e, depois das iniciativas do governo norte-americano contra a Wikileaks; depois da caça ao homem movida contra o seu principal dinamizador, Julian Assange; depois do bloqueio do financiamento da Wikileaks através dos habituais prestadores destes serviços; depois de tudo isto é possível a uma personagem como Vladimir Putin, um caçador de jornalistas, arrogar-se a denúncia da hipocrisia ocidental nas críticas que lhe dirigiram no passado.
Na perseguição à Wikileaks, são sombras pesadas que se abatem sobre a liberdade de expressão à escala planetária.
Muitos dos telegramas revelados (cuja veracidade ninguém pôs em causa) atingem a natureza da própria prática diplomática.
Pode alguém defender a ocultação da espionagem feita sobre o próprio secretário-geral da ONU, como se de um terrorista se tratasse?
Deve ser segredo que os diplomatas norte-americanos tenham ordens para espiar os seus congéneres, até ao ponto de tentar extrair dados de cartões de crédito?
Deve ser mantida em segredo a situação militar e a natureza do governo do Afeganistão?
Temos conhecido, através da informação cedida pela Wikileaks, ilegalidades e abusos que devem – têm que ser – de escrutínio público.
A relevância dos documentos sobre Portugal divulgados por dois jornais dos mais reputados da Europa, o El Pais e o Le Monde, sobre actos envolvendo instituições bancárias portuguesas, merecem a atenção da Assembleia da República. Parte inferior do formulário
Em Abril de 2009, a embaixada norte-americana expediu para o seu governo um telegrama que reporta uma proposta de Carlos Santos Ferreira, presidente do Millenium BCP.
O diplomata é preciso nos termos que utiliza: Carlos Santos Ferreira (cito o telegrama) “repetiu que, apesar dos custos desta relação poderem superar os benefícios, o banco estaria aberto a essa relação [iraniana] para ajudar o governo dos Estados Unidos a monitorizar as actividades financeiras do governo iraniano”.
O BCP emitiu ontem um comunicado que confirma quase todo o telegrama da embaixada norte-americana em Lisboa.
Confirma deslocações de negócios ao Irão, confirma a consulta escrita ao Banco de Portugal, confirma os contactos junto de “entidades norte-americanas” sobre estes negócios potenciais.
A única parte que do telegrama que é negada é a que relata a proposta de troca feita peloMillenium BCP ao governo dos Estados Unidos, em que os segredos de um ou vários clientes iranianos seriam vendidos, a troco da isenção de penalizações pela ruptura do embargo norte-americano ao Irão.
Segundo a imprensa de hoje, a CMVM quer apurar se houve violação, ou intenção de violação, dos deveres de sigilo por parte do presidente do BCP. Pois é esse apuramento que se torna urgente. O BCP é um caso crónico de má relação com segredos e, no passado recente, os Conselhos de Administração do banco exportaram sociedades e prejuízos para as Ilhas Caimão – e agora foram condenados por isso.
De resto, o valor da confidencialidade tem andado na boca dos banqueiros portugueses tal como a liberdade na internet anda nos discursos norte-americanos. Torna-se notório que os mesmos que se opõem ao levantamento do segredo bancário para efeitos de combate à corrupção, à fraude fiscal e ao branqueamento de capitais, podem afinal estar dispostos a traficar informação com um governo estrangeiro. E assim põem em causa os deveres legais de um banco em nome do seu interesse particular.
Outro caso que exige esclarecimento é relatado pelo embaixador dos Estados Unidos em Maputo, acerca da actuação de um banco detido maioritariamente pelo Estado português através da Caixa Geral de Depósitos, o BCI Fomento, no quadro da compra por Moçambique da Hidroeléctrica de Cahora Bassa.
O embaixador norte-americano avalia "entre 35 e 50 milhões de dólares" o valor da comissão ilegal que diz ter sido paga ao presidente Armando Guebuza no quadro do negócio da venda da Hidroeléctrica.
Também em 2007, o BCI-Fomento abre-se à participação da moçambicana Insitec (que passa a deter os 19% antes pertencentes a uma empresa de que Armando Guebuza foi accionista). Nos referidos telegramas, a Insitec é referida pelo embaixador norte-americano como (cito) "controlada por Armando Guebuza".
Acontece que a entrada desta empresa no BCI Fomento foi financiada em mais de 20 milhões de dólares pela Caixa Geral de Depósitos e o seu presidente, Celso Correia, tornou-se presidente do BCI Fomento. De resto, esta empresa gere o porto de Nacala, que o embaixador Chapman caracteriza como "infame”, por permitir “a entrada de droga vinda do Sudoeste Asiático".
O BCI Fomento é detido indirectamente pelo Estado português. A isto se junta uma pesada presença de antigos governantes portugueses nos seus órgãos sociais (no conselho de administração, a ex-ministra da Justiça, Celeste Cardona; na presidência da Assembleia Geral, o ex-ministro da Presidência e da Defesa António Vitorino). Os contornos destes negócios são tanto mais preocupantes quanto decorrem sob a direcção de instituições bancárias tuteladas pelo governo português.
Parafraseando Santos Ferreira, estas notícias não são boas para estes bancos nem para as suas administrações. Mas sobretudo não são boas para o país, para cidadãos e cidadãs a quem a banca não pára de surpreender, com a sua falta de escrutínio e de respeito por regras elementares.
O impacto e a importância das questões levantadas por estes documentos não permite que fiquem dúvidas ou equívocos. O Bloco de Esquerda solicitou, por isso, esclarecimentos ao ministro das Finanças, à Caixa Geral de Depósitos e ao Banco de Portugal sobre estas duas operações.
Só a transparência defende o interesse público. Só a transparência é o valor da democracia. Hoje, a democracia precisa desse valor e não pode desistir dela.
Declaração Política do Bloco de Esquerda na Assembleia da República – 14 de Dezembro de 2010

Sem comentários:

Enviar um comentário

Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.