segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Como é que os Jornalistas ajudam a promover a guerra

… e o que pode ser feito para preveni-lo. A Guerra Que Não Se Vê é o novo filme de John Pilger relacionado com o papel dos media na promoção e limpeza das guerras contemporâneas. Entrevista por Daniel Trilling.
Desde que eu fui pela primeira vez para o Vietman, tomei consciência dos rituais e influências ocultas e pressões dentro do jornalismo que determinam tanto as notícias quanto a qualidade das mesmas. Entrevista a John Pilger, por Daniel Trilling.
É certo que, como o Wikileaks tem demonstrado, a agenda da “corrente predominante” é cada vez mais conduzida pela rede global de Internet.
A Guerra Que Não Se Vêestá relacionada com o papel dos media na promoção e limpeza das guerras contemporâneas. Por que motivo faz este filme neste preciso momento?
Há muitos anos que escrevo argumentos e realizo filmes acerca dos media e da guerra. Traduzir esta crítica para filme, especialmente o poder traiçoeiro das relações públicas, tem sido uma espécie de ambição. Peter Fincham assumiu há dois anos o cargo de director de programas da ITV e queria claramente restaurar parte de legado factual da ITV. Ele estava entusiasmado com a ideia; ele também sabia que o filme teria uma abordagem crítica à ITV. Não é algo muito comum.
Desde que eu fui pela primeira vez para o Vietman, enquanto um jovem repórter, tomei consciência dos rituais e influências ocultas e pressões dentro do jornalismo que determinam tanto as notícias quanto a qualidade das mesmas. O jornalismo de transmissão tem um misticismo poderoso; a BBC alega que é objectiva e imparcial na cobertura da maior parte dos assuntos, especialmente no respeitante à guerra. A pressão para acreditar e manter esta alegação é quase uma questão de fé. Para o público, a realidade é bastante diferente. A Universidade de Wales e a organização Media Tenor levaram a cabo dois estudos sobre a cobertura televisiva na preparação para a invasão do Iraque. Ambas defendem que a BBC seguiu predominantemente a linha governamental: que o seu relato reduziu as opiniões anti-guerra a uma curta percentagem. Entre os maiores emissores ocidentais, apenas a CBS, na América, tinha uma percentagem mais baixa. O público tem o direito de saber porquê.
Porque é que acha que os jornalistas que fizeram a cobertura da Guerra do Iraque – alguns dos quais são entrevistados por si neste filme – estão tão dispostos agora a admitir que não fizeram os seus trabalhos com devia ser? O que é que os impediu de tomar consciência disso naquela altura?
O ambiente mudou. Agora ninguém tem dúvidas que as razões para a invasão do Iraque eram fraudulentas, assim como o são as razões para invadir o Afeganistão, assim como eram as razões para invadir o Vietnam. Ainda assim, os jornalistas que contam no meu filme onde é que tudo – e eles – falhou são corajosos. Pedi a muitos outros para aparecerem, tais como Andrew Marr e Jeremy Paxman, e não me deram qualquer resposta. Efectivamente, quanto mais famoso o nome, maior a aparente falta de vontade em discutir o porquê, tal como Paxman disse a um grupo de estudantes, eles foram “ludibriados”.
Será que as fontes online independentes – sendo o Wikileaks o exemplo mais falado no momento – permitem que o público ultrapassem totalmente a barreira das empresas dos media?
Sim, mas lembre-se que a principal fonte de informação do público ainda é a televisão. Os programas de notícias da BBC têm uma enorme influência. É certo que, como o Wikileaks tem demonstrado, a agenda da “corrente predominante” é cada vez mais conduzida pela rede global de Internet. Para mim, enquanto jornalista, a Internet oferece as fontes mais interessantes e frequentemente mais fidedignas porque elas passam ao lado das tendências consensuais e de uma censura por omissão, que está impregnada nas transmissões.
Como se pode compreender, a sua atenção está voltada para o jornalismo de guerra. Porém, o filme também sugere que a nossa indústria do entretenimento tem um papel na disseminação da propaganda. Como é que isso pode ser prevenido?
Não existe uma máquina de propaganda como Hollywood. Como Ken Loach afirmou recentemente, a larga maioria dos filmes nos cinemas britânicos são americanos, ou britânicos com financiamento americano. Isto tem levado à apropriação tanto dos factos como da ficção: da própria arte. Edward Said descreve o efeito no seu livro Culture and Imperialism, defendendo que a penetração de uma cultura empresarial e imperialista é cada vez mais profunda nos nossos dias do que em qualquer outro período. Como é que combatemos isso? Apoiamos realizadores independentes e cinemas e distribuidores independentes. Começamos a pensar no jornalismo como um “quinto estado” no qual o público desempenha um papel e as organizações dos media são chamadas a prestar contas.
Mesmo quando a realidade mais difícil da Guerra é relatada com veracidade e exactidão, as audiências podem simplesmente escolher ignorá-la. Existem algumas técnicas específicas que leve a cabo na sua realização para evitar que tal aconteça?
Sem dúvida, a responsabilidade de persuadir e desafiar as pessoas, de estimular a sua imaginação, pertence-nos a nós, os realizadores e jornalistas. Culpar o público é uma confissão da nossa incapacidade. A minha experiência é que as pessoas responderão positivamente se estabelecermos uma ligação com as suas próprias vidas, ou tentarmos articular a forma como se preocupam com o mundo, as suas guerras e outros cataclismos. Se chamarmos poder ao facto de nos relacionarmos com os factos, obtemos a recompensa do apoio do público. Por outras palavras, quando as pessoas que se apercebem que somos os seus agentes, e não um agente de um bloco de pedra chamado “media”, ou de outros interesses poderosos, eles dão-nos o seu tempo e o seu interesse. É isso que faz com que o jornalismo seja um privilégio.
 


Entrevista por Daniel Trilling, publicada em informationclearinghouse.info, traduzida por Sara Vicente.

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.