quarta-feira, 11 de maio de 2011

Pena de morte: um dos maiores crimes dos Estados Unidos

O caso da condenação à morte do jornalista Mumia Abu-Jamal ganhou uma reviravolta inesperada no final de Abril, quando um tribunal federal dos Estados Unidos declarou pela segunda vez que a pena de Abu-Jamal era inconstitucional.
O Tribunal Federal de Apelação de Filadélfia considerou que o júri recebeu instruções duvidosas para a condenação, tal como na orientação sobre a forma de veredicto. Apesar da controvérsia a respeito da culpabilidade ou inocência de Abu-Jamal não ter sido tratada, o caso traz à tona os problemas inerentes à pena de morte e ao sistema de justiça penal norte-americano, especialmente no que toca a questão racial.
No dia 09 de Dezembro de 1981, o oficial de polícia de Filadélfia Daniel Faulkner deteve o automóvel conduzido por William Cook, irmão de Abu-Jamal. O que aconteceu em seguida ainda é motivo de debate. Houve disparos e tanto o oficial Faulkner como Abu-Jamal sofreram o impacto das balas. Faulkner morreu e Abu-Jamal foi considerado culpado por homicídio num processo judicial que o juiz Alberto Sabo, cuja fama de racista é pública, presidiu. Em apenas um dos vários absurdos em torno do caso, uma taquígrafa do tribunal declarou sob juramento que escutou Sabo dizer na ante-sala do tribunal que ia “ajudá-los a executar esse negro”.
O parecer mais recente do tribunal de apelação está directamente relacionado com a conduta do Juiz Sabo na fase de condenação do julgamento de Abu-Jamal. O Supremo Tribunal da Pensilvânia está a considerar vários argumentos sobre se Abu-Jamal recebeu ou não um julgamento justo. Até ao momento, o tribunal de apelação concluiu, de forma unânime, que o prisioneiro não recebeu a condenação correcta. O Promotor do Distrito da Filadélfia, Seth Williams, decidiu usar a nova falha para apelar ao Supremo Tribunal dos Estados Unidos. Sobre o facto, Williams disse: “Não vou pedir que se reveja todo o ditame do Tribunal de Apelação, mas creio que, nesta altura, pedirei ao Supremo Tribunal que esclareça a situação e tome uma decisão sobre o que deveríamos fazer neste momento”.
Como consequência do erro judicial, Abu-Jamal poderia obter uma revisão completa da sentença no tribunal, perante um novo júri. Na audiência de revisão, seriam dadas instruções claras ao júri sobre como decidir entre a prisão perpétua e a pena de morte, que, segundo o tribunal de apelação, não ocorreu em 1982. Na melhor das hipóteses, Abu Jamal sairia da reclusão e isolamento do “corredor da morte” da prisão de segurança máxima SCI-Greene da Pensilvânia. John Payton, advogado director do Fundo de Defesa Legal da Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP, sigla do nome em inglês), e representante legal de Abu-Jamal, ressaltou que “reconhecer a falha é um passo importante na luta para corrigir os erros de um capítulo lamentável na história da Pensilvânia (...) e ajuda a relegar para um passado longínquo o tipo de injustiça em que se baseou esta condenação de morte”.
A sua outra advogada, Judith Ritter, professora da faculdade de direito da Universidade Widener, disse-me: “Isto é extremamente significativo. É literalmente uma decisão de vida ou morte, e ratifica a declaração de princípios da década de 2000 que suspende a pena de morte. Mais uma vez conquistámos uma vitória judicial sobre o facto do júri ter ditado uma condenação inconstitucional”.
Perguntei à advogada Ritter se tinha falado com Abu-Jamal depois do tribunal anunciar a falha, e ela disse-me que a prisão impediu um telefonema legal de emergência. Não me surpreendeu, considerando a quantidade de anos em que estou a cobrir este caso.
Abu-Jamal enfrentou muitos obstáculos para fazer escutar sua voz. No dia 12 de Agosto de 1999, enquanto estávamos a transmitir ao vivo o programa do Democracy Now!, Abu-Jamal ligou-nos a pedir para ser entrevistado. Quando começou a falar, um guarda da prisão arrancou o telefone da parede. O prisioneiro voltou a ligar dali a um mês e descreveu o que acontecera:
“Outro guarda apareceu na porta da cela a gritar em tom enérgico, ’Este telefonema terminou!’ Quando exigi saber porquê, respondeu 'esta ordem veio de cima'. Imediatamente chamei o sargento que estava de guarda, ’Sargento, de onde veio esta ordem?’ Encolheu os ombros e respondeu: ’Não sei. Simplesmente recebemos um telefonema para cortar-lhe a comunicação’”.
Abu-Jamal apresentou um protesto contra a violação dos seus direitos e ganhou a disputa.
Apesar de permanecer no isolamento, Mumia Abu-Jamal continuou durante todo este tempo com o seu trabalho como jornalista. Os seus comentários via rádio são transmitidos para todo o país. Assim fecha o seu programa em cada semana: “Do corredor da morte, sou Mumia Abu-Jamal”. Mumia Abu-Jamal é autor de seis livros e recentemente foi convidado a apresentar uma conferência sobre encarceramento racial na Universidade de Princeton. Ali disse (do seu telemóvel ligado a um microfone): “Muitos homens, mulheres e jovens povoam o complexo industrial carcerário dos Estados Unidos. Como muitos de vocês sabem, o nosso país, com apenas 5% da população mundial, tem 25% dos presos do mundo inteiro... A quantidade de pessoas negras nas prisões daqui supera a do regime do apartheid na África do Sul no seu pior momento”.
Os Estados Unidos apegam-se à pena de morte, ficando isolado nesta matéria entre os países do mundo industrializado. De facto, encontra-se entre os países do mundo que realizam execuções com maior frequência juntamente com China, Irão, Coreia do Norte, Arábia Saudita e Iémen. O erro que veio à tona esta semana no caso de Mumia Abu-Jamal é mais uma razão clara do porquê abolir a pena de morte.
Denis Moynihan colaborou na produção jornalística desta coluna.
Texto em inglês traduzido por Fernanda Gerpe para Democracy Now! em espanhol.
Texto em espanhol traduzido para o português por Rafael Cavalcanti Barreto, e revisto por Bruno Lima Rocha, para Estratégia & Análise.

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.