Segundo avançou o dirigente bloquista, os cargos concentram-se nas maiores empresas do país, mas não só, sendo que cada pessoa acumula em média 50 cargos. “Só uma delas tem 62 cargos e o rendimento mais alto de um destes administradores ascende aos 2,5 milhões de euros”, disse. “São 20 pessoas para 1000 empregos”, frisou.
Louçã explicou, assim, que quando se pergunta “onde é que está a dívida, porque é que nos últimos anos cresceram os problemas na economia, porque é que se fizeram construções desnecessárias, a resposta está aqui: “20 pessoas com mil cargos de administração, cruzando grupos diferentes, cruzando todo o mapa da economia”.
“É um pequeno grupo de turbo-administradores que voam de empresa para empresa. Chamam a isto trabalho, talvez… mas certamente a isto chama-se renda”, condenou.
“Pede-se agora às pessoas uma escolha, uma decisão”
Lembrando que faltam duas semanas para as eleições, o coordenador da Comissão Política do Bloco apela à decisão, àescolha sobre “como é que a democracia responde aos problemas”.
E para falar dos problemas, Louçã falou do “país real”, onde com o acordo entre a troika, Governo, PSD e CDS, vão congelar-se as pensões que passarão a valer “sempre menos” devido aos aumentos do IVA, dos transportes, dos custos da saúde e com a inflação nos 4 por cento. “No país real, estes partidos propõem que os reformados vivam pior e os trabalhadores percam salário”, disse.
Além disto, no “país real”, 645 mil famílias já perderam o abono de família, o que “faz muita diferença para quem tem muito pouco”.
Francisco Louçã condenou ainda o fecho das maternidades, dos centros de saúde e de outros serviços na região alentejana, para sublinhar a crítica à intenção de privatização dos CTT e da ferrovia de Sócrates e Passos Coelho, “serviços que são essenciais para esta região”.“Privatizar a ferrovia é uma irresponsabilidade contra a democracia e é a ausência de uma política de transportes eficiente e mais sustentável ambientalmente”.
O dirigente do Bloco afirmou que agora a decisão é sobre “uma democracia responsável que lute pelo país” e que o Bloco se concentra nas questões essenciais: emprego, pensões, salários, justiça. “Não há ninguém que não tenha um amigo ou familiar que não seja desempregado ou tenha um trabalho precário. É preciso criar emprego, distribuir emprego”.
“É tempo de mudar de rumo”
No comício em Elvas intervieram também os candidatos do Bloco pelo círculo eleitoral de Portalegre, Paulo Cardoso e Ana Freitas, que afirmaram que “é tempo de mudar de rumo, pelo respeito social, contra a morte do distrito”. Para isso o Bloco tem propostas, disseram, exemplificando com medida bloquista aprovada que permitiu denunciar a Delphi, em Ponte-de-Sôr, empresa que recebeu subsídios do Estado para criar emprego e depois despediu 400 pessoas.
Manuel Sosa Aparício, da Esquerda Unida em Espanha, condenou a Europa do mercado, “submissa à ditadura da banca”. “Em Espanha, como em Portugal, luta-se agora para devolver a democracia ao povo”, disse, referindo-se aos protestos nas Portas do Sol em Madrid, e na praça do Rossio, em Lisboa.
Já Miguel Salavert Manzanera, representante da Plataforma “Refinaria No”, lembrou a convergência entre espanhóis e portugueses na luta contra as refinarias poluentes em Espanha e a Central Nuclear em Almaraz. “O ambiente não tem fronteiras, a luta também não”, disse.
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