sábado, 7 de maio de 2011

Debate sobre a crise: Povos podem rejeitar imposições do FMI porque existem alternativas

Debate internacional demonstrou que os pressupostos em que assenta o combate à crise imposto através do FMI são falsos, que as condições do resgate vão agravar ainda mais os problemas sociais e económicos do país e beneficiar os mesmos de sempre e que existem alternativas fora das medidas que estão a ser exigidas.
Mesa da Conferência Internacional realizada em Lisboa, promovida pelo Bloco de Esquerda
Mesa da Conferência Internacional realizada em Lisboa, promovida pelo Bloco de Esquerda
O debate internacional promovido pelo Bloco de Esquerda e pelo GUE/NGL, a Esquerda Unitária no Parlamento Europeu, demonstrou em Lisboa que os pressupostos em que assenta o combate à crise imposto através do FMI são falsos, que as condições do resgate determinadas para Portugal vão agravar ainda mais os problemas sociais e económicos do país e beneficiar os mesmos de sempre e que existem alternativas fora das medidas que estão a ser exigidas. Comprovando que a União Europeia está de facto “em rota de divergência”, as intervenções de Benjamin Coriat, Francisco Louçã, Elias Jon, Marisa Matias e Miguel Portas, pontuadas por numerosas participações dos presentes, sublinharam que não sendo o FMI o caminho existem alternativas sérias e credíveis para ultrapassar os problemas sociais económicos. Por isso, realçou Miguel Portas no final da sessão, as eleições em Portugal representam a possibilidade de rejeitar o resgate estrangeiro aceite por três partidos portugueses uma vez que, a exemplo da Islândia – apesar da diferença de situações – os povos podem dizer que não como protagonistas da história e donos da sua soberania.
Benjamin Coriat, investigador francês e um dos principais subscritores do Manifesto dos Economistas Aterrorizados começou por desmontar um mito. “O Pacto de Estabilidade não tem nenhuma razão económica para impor um défice de três por cento do PIB; isso não faz nenhum sentido em economia”.
O economista francês integrou este conceito numa intervenção em que enumerou e explicou, uma a uma, as falhas da construção europeia detendo-se em pormenor no “aprofundamento das desigualdades entre os países” e no papel da “virtuosa” Alemanha nessa situação.
“Como é que a Alemanha pode ser virtuosa e nos pode dar lições depois de nos anos noventa ter comprado a Alemanha de Leste criando uma recessão económica, nivelando por baixo os salários dos trabalhadores e ganhando em competitividade, fazendo explodir as taxas de juro e ter obrigado todos os outros países da Europa a pagar os custos?”, interrogou-se Coriat.
A seguir desmontou outro mito em que assentam a propaganda e as exigências impostas pelas soluções da Comissão Europeia e do FMI.
“É falso que os Estados gastem em excesso”, disse. “Os Estados não gastam assim tanto e às vezes até gastam de menos. O que aconteceu foi uma contra-revolução fiscal que destruiu as receitas dos Estados. Os Estados dão cada vez mais presentes aos ricos e aos rendimentos do capital”.
E citou exemplos. Em França, disse, o equivalente ao IRC é de 34 por cento mas as empresas cotadas em bolsa no índice CAC 40 pagam apenas oito por cento, beneficiando de não haver uma política fiscal única na União Europeia e também da evasão fiscal; na Irlanda, os impostos das empresas desceram de 50 para 12,5 por cento.
Miguel Portas viria depois a citar o caso de Portugal em que os bancos, com rendimentos de quatro milhões de euros por dia, pagaram em 2009 cerca de 4,3 por cento de impostos.
Depois de ter sublinhado o caso da Grécia como exemplo de “uma punição”, Benjamin Coriat afirmou que em relação ao futuro se colocam dois cenários: ou mais do mesmo ou uma saída alternativa.
Para a saída alternativa propôs três orientações.
Romper com os mercados financeiros, o que impõe “a realização de auditorias às dívidas públicas para que seja identificado quem deve e o que deve e assim ver-se-ia que afinal os credores terão talvez mais a pagar que os devedores”.
Uma segunda orientação: “o Banco Central Europeu deve comprar os títulos de dívida pública no mercado primário de modo a baixar os juros e deixar fora do jogo as agências de notação”. Essa medida seria acompanhada pelo estabelecimento de uma base fiscal justa e equilibrada de modo a fazer “reverter a contra-revolução”.
Uma terceira orientação seria o estabelecimento de uma coordenação macroeconómica na Europa no sentido do equilíbrio entre o centro e as periferias porque “a Alemanha não pode tirar apenas os benefícios da Europa e deixar as desvantagens para os outros”, rematou Benjamin Coriat.
Francisco Louçã falou do acordo imposto pela troika ao Governo português e aos partidos que o subscreveram no quadro de um “ciclo vicioso infernal” em que todas as medidas programadas tornam ainda mais difícil que a economia responda a questões estruturais como o desemprego, as desigualdades, a retracção do consumo.
“No fim da aplicação deste programa, Portugal estará muito mais pobre e endividado, todos os problemas se tornarão mais difíceis”, disse o coordenador da comissão política do Bloco de Esquerda.
“A União Europeia empurrou as economias da Europa para os abismos da especulação financeira” e “quem beneficia com isso é uma outra troika: a dos bancos, das companhias seguradoras e dos fundos financeiros”.
Francisco Louçã chamou também a atenção para as “ambiguidades e mistérios” do acordo do FMI no âmbito fiscal abordando os indícios de que o patronato beneficiará de uma redução de três por cento nas contribuições para a segurança social em troca de um aumento de três por cento da carga fiscal incidindo provavelmente sobre o IVA. Isto é, toda a população – incluindo trabalhadores, pensionistas, reformados – poderá ter que pagar através do consumo o que o patronato deixaria de pagar para a segurança social.
“Chamar neutralidade fiscal a medidas como esta é um insulto à inteligência dos portugueses”, disse Francisco Louçã, que defendeu a renegociação da dívida e a auditoria à dívida pública.
Elias Jon, dirigente do partido islandês Esquerda Verde, historiou o processo no seu país gerido por uma política de direita em coordenação com o FMI e que culminou com a bancarrota bancária. Explicou que o povo se recusa a pagar pela má gestão dos bancos e que o governo de direita não teve possibilidade de socorrer os bancos em 2008 (embora quisesse) porque a privatização destes em 2003 deu ao sector bancário uma dimensão dez vezes superior à do PIB da Islândia.
A recusa popular de pagar pelos erros dos bancos forçou a queda do governo de direita, a sua substituição por uma maioria formada por organizações de esquerda que negoceia agora um pacto social e se propõe aumentar o investimento público para criar emprego, apoiar a segurança social e apostar no ensino.
Miguel Portas assinalou a convergência dos participantes no debate em relação ao diagnóstico da situação e citou um estudo de economistas segundo o qual Portugal é actualmente o país mais desigual da Europa, apenas superado pela Lituânia e a Letónia. A desigualdade é de um para 18 entre os sectores mais pobres e os mais ricos, sendo que nestes estão incluídos os salários de 2.500 euros, o que testemunha como são baixos os rendimentos dos mais desfavorecidos.
O resgate, disse Miguel Portas, vem agravar tudo o que já está em dificuldades em Portugal. Provoca redução real de salários, diminuição do poder de compra, ataques a todos os direitos dos trabalhadores, agrava a desindustrialização, vai provocar mais desemprego e nem sequer vai responder às necessidades de financiamento do Estado português.
Tal como outros oradores, o eurodeputado citou o caso da Grécia, onde após um ano de aplicação das medidas do FMI as condições sociais se degradaram a um nível dramático e, ainda assim, a dívida subiu de 115 por cento do PIB para 145 por cento, o que leva agora Atenas a encarar a possibilidade de abandonar o euro.
No entanto, acrescentou Miguel Portas, não se vislumbra na União Europeia qualquer intenção de alterar a política monetária porque essa é uma vantagem da Alemanha.
Para ilustrar como o resgate nem sequer vai resolver os problemas de financiamento do Estado português, Miguel Portas decompôs os destinos dos 78 mil milhões de euros do empréstimo: 54 mil milhões são para cumprir as obrigações financeiras do Estado até 2013, ou seja para ir devolvendo aos que estão a emprestar; 12 mil milhões são para recapitalização da banca. “Ou seja”, disse o eurodeputado, “66 mil milhões são destinados aos mesmos, porque os credores e os banqueiros são os mesmos”. Sobram 12 mil milhões: “Esses são a margem para o que vai correr mal por todas as razões que já foram ditas”.
Miguel Portas sublinhou ainda “o paradoxo” de estas medidas serem decididas em Bruxelas por sectores conservadores e aplicadas nas periferia “por governos socialistas que se reclamam do Estado social e agem contra o Estado social”. “Este resgate”, acrescentou, “tem ainda uma condição política: o próximo governo tem um programa e terá que ser constituído por dois ou três partidos” – que já aceitaram as imposições estrangeiras.
Daí, acrescentou Miguel Portas, que nas eleições de 5 de Junho além de se votar em partidos também se escolhe entre a aceitação ou a rejeição deste resgate. As alternativas credíveis existem, salientou, e apesar da diferença de condições o “não” do povo islandês é um exemplo “de como os povos são soberanos e actores da História”.

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.