terça-feira, 17 de maio de 2011

A elegia do senso-comum

A elegia do senso-comum de Sócrates é simplesmente um aproveitamento político execrável daquilo que são os sensos-comuns mais individualistas, mais mesquinhos e mais invejosos que atravessaram a sociedade nos últimos anos.
Passaram seis anos em Portugal sob a égide de Sócrates. Muita coisa mudou no país para pior. As pessoas vivem mais endividadas, com menos apoios sociais. Há mais desempregados e o trabalho precário cresceu exponencialmente. Houve cortes nos salários, congelamento de pensões sociais. Cresceram os lucros dos grandes grupos económicos ao mesmo tempo que cresceu a pobreza “assalariada”.
Mas a marca deste primeiro-ministro foi bem mais para além do que é visível e do que é quantificável. Desde o primeiro momento que Sócrates assumiu aquilo que passarei a chamar de “elegia do senso-comum”. Qualquer sociedade tem falhas de informação e em qualquer lugar do mundo e da história o conhecimento superficial e o senso-comum fazem parte do quotidiano e do facilitismo com que todos nós caímos, de vez em quando, ao proferir opiniões e ao tomar decisões. É uma batalha entre o superficial, o que é fácil, o que salta à vista e o conhecimento profundo, estudado, baseado nos factos e nos dados objectivos. Esta dialéctica não é sempre opositora nem sempre concordante. Mas em último lugar terá sempre que ser esclarecida pelo primado do conhecimento real, estudado e comprovado.
A elegia do senso-comum de Sócrates é simplesmente um aproveitamento político execrável daquilo que são os sensos-comuns mais individualistas, mais mesquinhos e mais invejosos que atravessaram a sociedade nos últimos anos. Sócrates fez do seu eixo ideológico central uma passagem desse senso-comum pouco esclarecido para políticas de facto, que tiveram sempre como resultado a piora das condições de vida das pessoas e um aprofundamento do sentimento individualista que espreita entre nós.
Passo a explicar.

Senso-Comum: A gestão de instituições públicas é má e desleixada, só o privado é bem gerido.
Sócrates: Foi capaz de desenvolver politicamente esta teoria, que verdade seja dita, já vinha de governos anteriores. Explorando este sentimento baseado em nada, entregou uma série de gestões de hospitais públicos a grupos económicos privados, como o BES ou o grupo Mello, oferecendo a estes uma renda mensal muito confortável, paga com dinheiro dos contribuintes. Aproveitou ainda para privatizar parte de algumas empresas públicas que eram rentáveis.
Facto: Portugal tem inúmeras experiências de má gestão privada, que muitas vezes chega a ser criminosa, veja-se o exemplo do BPN ou da gestão danosa que os Mello fizeram no hospital Amadora-Sintra.

Senso-Comum: Em Portugal os trabalhadores têm direitos a mais e os patrões são prejudicados por isso – os tão mal-afamados “direitos adquiridos”.
Sócrates: O primeiro-ministro conseguiu ir mais longe do que a direita – o Código Vieira da Silva é ainda mais danoso que o anterior código Bagão Félix no que diz respeito aos direitos dos trabalhadores. Mais facilidades no despedimento, maior campo legal para a precariedade.
Facto: Portugal é dos países da União Europeia onde a protecção ao trabalhador é mais frágil. Para acumular, as prestações sociais para o desemprego são muito mais baixas. Os estudos sociológicos na área do trabalho vêem sempre confirmar que nenhuma empresa consegue um aumento da produtividade pela facilitação do despedimento e pelo medo. Pelo contrário, é o melhoramento das condições laborais que está sempre na base do melhoramento dos níveis de produção.

Senso-comum: Os funcionários públicos trabalham pouco e têm regalias a mais.
Sócrates: Desde o início que Sócrates aproveitou esta falácia para anunciar que iria diminuir o número de funcionários públicos de forma administrativa, sem olhar às condições e necessidade reais do país. Começou pela regra de duas saídas da função pública por cada entrada e o PSD já vai nas 5:1. O código de trabalho veio criar saídas legais para o despedimento na função pública e deixaram de se admitir funcionários novos, criando empresas públicas para recorrerem ao contrato individual de trabalho, em funcionários que desempenham exactamente as mesmas funções do que o restante pessoal do quadro.
Facto: A fraca legislação laboral para os trabalhadores privados não torna os funcionários públicos “excessivos”, antes pelo contrário reforça a necessidade de se melhorar essa mesma legislação. Foram os serviços públicos e a sua proliferação no pós-25 de Abril que permitiram a Portugal sair do atraso civilizacional em que vivia e permitiram um aumento brutal dos indicadores em saúde e em educação, acabando com a elevada taxa de analfabetismo e a mortalidade infantil.

Senso-comum: Os professores são uma classe privilegiada, trabalham pouco, ganham muito bem e não têm ninguém que os controle.
Sócrates: O processo da avaliação dos professores foi o maior ataque alguma vez já feito em Portugal a uma classe profissional. O processo proposto inicialmente por Maria de Lurdes Rodrigues tinha como objectivo fundamental ocupar os professores com burocracia e criar divisões artificiais na carreira que na prática limitasse a sua progressão.
Facto: A docência envolve não só a prática de aulas mas também muitas horas de “trabalho de casa” que não são contabilizadas pelo horário. As experiências de avaliação do trabalho dos professores deve ser feita predominantemente entre pares, tal como nos dizem sistemas educativos públicos altamente desenvolvidos como na Finlândia.

Senso-comum: Renegociar a dívida externa é fazer calote aos credores e os Portugueses não gostam de ser caloterios.
Sócrates: Através da repetição incessante da sua mensagem (estratégia que aliás tem usado desde sempre), Sócrates tenta abafar as explicações que a esquerda tem dado para esta proposta de renegociação e limita-se a enfatizar o calote para fazer do sentimento de vergonha uma escolha política.
Facto: Um terço da dívida é privada. A emissão de títulos de dívida feita em 2010 foi com base em juros abusivos que por vezes passaram os 10%. Após um ano de ajuda externa, a Grécia está bem pior, com juros elevadíssimo e a considerar como única solução a renegociação da sua dívida, já depois de ter sofrido um programa de austeridade brutal que está a deixar a população grega perto da ruptura. Renegociar a dívida é um destino incontornável e que permitiria esclarecer quais são os juros abusivos que nos têm sido impostos.

Não quero com isto esquecer quais são as alternativas a Sócrates e a esta política caseira de decidir com base em preconceitos. Na verdade, ainda não sabemos quem ganhará as próximas eleições mas parece óbvio que Paulo Portas tem já um lugar assegurado. E com Portas nada disto será muito diferente, basta olhar para a sua última campanha eleitoral e o populismo absolutamente demagogo e exaltador dos ódios sociais aos mais pobres que fomentou. Com Portas no governo teremos seguramente superficialidade e “senso-comum” como vimos em Sócrates e certamente Passos Coelho terá muita pouca capacidade e vontade de se impor a esta ideologia do facilitismo.

No fundo a esquerda terá nos próximos anos a tarefa difícil de combater os ódios sociais e a política da superficialidade. Até porque ela não existe só nos partidos, mas prolifera na comunicação social, nas conversas de café, no local de trabalho. Aliás, a tarefa da esquerda é ainda mais árdua. Porque esta elegia do senso-comum foi-se instalando na sociedade e foi conquistando aos poucos a classe média. Sendo a classe média a mais importante em termos eleitorais e de difusão de opinião (porque tem os meios económicos e a formação profissional para tal), a conquista deste largo segmento da sociedade foi sempre o objectivo que orientou Sócrates. Ao contrário de Portas que pretende também chegar aos pobres, virando-os uns contra os outros, Sócrates percebeu desde cedo que o ódio e a superficialidade teriam que se impor naqueles que têm mais voz e para isso usou os media e a nova classe de comentadores “políticos” e analistas que cresceram em número e em influencia com a explosão da blogosfera e dos canais de notícias. Procurou ainda destruir a imagem pública de sindicatos e comissões de trabalhadores ao diabolizar as greves, as manifestações, ora fazendo-se de vítima ora atacando com polícia e com manipulação da central sindical mais próxima de si, a UGT. Esta ”viragem à direita” da classe média foi sustentada com o discurso da crise e da inevitabilidade – perante o descalabro dos mercados financeiros, a estratégia do “senso-comum” pôs a descoberto todas as fragilidades do tecido social e da desagregação entre classes e tornou-as um instrumento em si mesmo para legitimar todas estas políticas de agressão social e de promoção do individualismo. A classe média claudicou claramente, perante a inevitabilidade da crise e aceitou que a solidariedade social tinha que ser destruída em prol do salvamento de uma economia martirizada pela especulação, pela dívida e pelo crime financeiro.

Esta tarefa da esquerda não é um projecto eleitoral para 5 de Junho nem poderia ser. É uma estratégia de sociedade, um objectivo de fundo para as próximas décadas que permita reagregar e reorganizar o movimento de trabalhadores e criar combates novos e a longo prazo que permitam invadir o círculo fechado de opinião criado pelos media corporativizados, chegando a uma classe média cada vez mais convencida de que a divisão e o individualismo são a solução para uma crise que irá certamente eternizar-se.

Mas o 5 de Junho terá sempre a importância de dar à esquerda a oportunidade para começar esse combate o mais cedo possível!

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.