quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Grande Muralha Verde não cala os críticos

A floresta artificial plantada na China para deter o rápido avanço do deserto ocupará 400 milhões de hectares em 2050. Porém, especialistas criticam os seus propalados benefícios para mitigar a mudança climática. Por Mitch Moxley, IPS/Envolverde.
Grande Muralha Verde não cala os críticos
A floresta artificial plantada na China ocupará 400 milhões de hectares em 2050 e cobrirá mais de 42% do território nacional. Foto www.futureforest.org.
A China tem a maior floresta artificial do mundo – conhecida como a Grande Muralha Verde –, que cobre mais de 500 mil quilómetros quadrados. O Partido Comunista anunciou, este ano, que cumpriu seu objectivo para 2010 de alcançar 20% do território. O governo pretende plantar uma faixa de árvores de 4.480 quilómetros que se estenderá da província de Xinjiang, no extremo oeste, até a de Heilongjiang, no leste.  Em 2050, estima-se que cobrirá mais de 42% do território nacional.
O projecto começou em 1978. A Assembleia Popular Nacional, órgão legislativo da China, aprovou três anos depois uma resolução obrigando toda pessoa maior de 11 anos a plantar por ano pelo menos três álamos, eucaliptos ou outras espécies. As pessoas plantaram cerca de 56 mil milhões de árvores na China na década passada, segundo dados oficiais. Em 2009, foram semeados 5,88 milhões de hectares.

“É o maior programa já visto no mundo”, afirmou o ambientalista e ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore. A China plantou duas vezes e meia mais árvores por ano do que os demais países reunidos, disse o prémio Nobel da Paz. A China superou os Estados Unidos como maior emissor de dióxido de carbono do mundo em 2007. A previsão é que a tendência seguirá ao lado do crescimento económico deste país.
Pequim investiu grandes quantias de dinheiro em tecnologia limpa e prometeu fechar milhares de fábricas altamente contaminantes. Mas sua falta de compromisso com padrões e acordos internacionais e a lentidão de seus avanços nessa área levaram a críticas de inúmeros países. Os benefícios do reflorestamento são evidentes, segundo seus defensores, porque ajuda a deter o rápido avanço do deserto no oeste e norte do país.
A China informou, em 2006, que 2,63 milhões de quilómetros quadrados, 27% de seu território, eram deserto, acima dos 18% registados em 1994, segundo informe da Convenção das Nações Unidas de Luta contra a Desertificação. Além disso, a pradaria perde 15 mil quilómetros quadrados por ano desde o começo da década de 1980.
As novas florestas absorvem mais dióxido de carbono do que as de crescimento lento, que quase não restam na China. Árvores de crescimento rápido, como álamo e bétula branca, talvez capturem o dobro de dióxido de carbono do que os abetos, alerces e pinheiros coreanos, segundo especialistas.
O governo serve-se da Grande Muralha Verde como propaganda dos seus esforços para combater a mudança climática. Cerca de três milhões de membros do Partido Comunista, funcionários e trabalhadores-modelo plantam árvores na Primavera, acontecimento bastante divulgado no país.
Em Abril, o presidente Hu Jintao plantou árvores em Pequim para comemorar o 26º aniversário do programa voluntário na capital. Dois milhões de pessoas uniram-se ao mandatário, segundo o estatal Diário do Povo.
O governo destaca a importância da floresta para combater décadas de danos ambientais, mas a campanha oficial tem vários críticos. Estes afirmam que as espécies plantadas e sua localização limitam a efectividade da iniciativa. 
De fato, a Grande Muralha Verde contribui com a significativa queda da qualidade da floresta, argumentam, mas pouquíssimos animais se adaptam a ela, segundo vários especialistas.
Além disto, a cobertura florestal acelerou a degradação ecológica ao exercer pressão sobre o precioso recurso hídrico em zonas áridas e semiáridas, explicou Jiang Gaoming, professor do Instituto de Botânica da Academia de Ciências Chinesa e vice-secretário geral da Sociedade para a Conservação Biológica. As espécies plantadas na Grande Muralha Verde não são autóctones, disse à IPS. “As árvores nativas não são mais eficazes para prevenir a desertificação”, insistiu.
O reflorestamento e a plantação de árvores em áreas que não eram florestais, na verdade, diminuem o potencial da cobertura vegetal para conter a mudança climática, segundo estudo das universidades de Oklahoma, nos Estados Unidos, e de Fudan, em Xangai, divulgado em Maio.
As regiões onde as árvores autóctones foram substituídas por novas espécies não ajudam a controlar as emissões de dióxido de carbono, conclui a pesquisa. Ao transformar terras agrícolas em florestas, é reduzida a capacidade do solo para absorver gases contaminantes.
O solo transformado perde 80% de sua capacidade para degradar o metano, outro gás-estufa que concentra mais calor na atmosfera do que o dióxido de carbono, segundo os autores do estudo.
A Grande Muralha Verde até ajudou um pouco a deter o avanço do deserto, reconheceu Jiang Fengguo, director da Estação de Supervisão da Conservação da Água e do Solo de Hexigtan Banner, na região autónoma da Mongólia Interior. Mas também preocupa o impacto que possa ter na cadeia biológica local, incluída a fauna, acrescentou Jiang Fengguo. É possível que não seja suficiente, disse à IPS. “Continuará a haver problemas. A desertificação existe e a deterioração contínua do meio ambiente não foi revertida”, destacou.
Artigo de Mitch Moxley, publicado em IPS/Envolverde.
 

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.