segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Basileia III: o saque e a bancarrota

O sector bancário mundial descobriu há tempo que pode sobreviver saqueando a economia real, e que em caso de cair em bancarrota pode ser resgatado sem problemas e assim multiplicar exponencialmente os seus lucros.
Banco de Pagamentos Internacionais, Basileia - Foto de wikipedia
Banco de Pagamentos Internacionais, Basileia - Foto de wikipedia
Nos tempos que correm, quando as bolsas de valores aplaudem algo é porque as coisas não andam bem. O mundo da especulação financeira e os ganhos ultra rápidos ensinaram-nos que os seus gostos são fonte de tragos amargos para o resto da economia. Os recentemente aprovados acordos de Basileia III são um exemplo disso.
O Banco de Pagamentos Internacionais (BPI) aprovou a 12 de Setembro os acordos com a nova regulação para o sistema bancário. Estes acordos, denominados Basileia III, passaram quase desapercebidos e são a resposta do BPI à crise financeira e económica que começou em 2008.
Trata-se da sequela dos acordos de Basileia I (de 1988) e Basileia II (2004) que não só não serviram para dotar a economia mundial de um sistema bancário mais são, como até provocaram dano. Basileia I criou incentivos perversos que apagavam a linha divisória entre operações prudenciais e especulação. Basileia II tratou de corrigir isso ao exigir níveis mais altos de capitalização à medida que aumentavam os créditos mais arriscados na carteira de um banco, mas não pôde travar as operações especulativas realizadas pelos bancos.
Dessa óptica, Basileia III é um passo na direcção certa (maior regulação do sistema bancário e financeiro em geral), mas é demasiado tímido. É apresentado como um novo marco regulador integral para fortalecer a capacidade do sistema bancário para absorver choques e melhorar os seus esquemas de administração de riscos. Inclui mecanismos de regulação prudencial a nível micro-económico e sistemas macroprudenciais para evitar a amplificação pró-cíclica de choques financeiros. Em certo sentido, trata-se de um reconhecimento de que uma economia capitalista não tem mecanismos intrínsecos de auto-regulação.
O diagnóstico que o BPI faz sobre a origem da crise limita-se aos acontecimentos no sistema bancário, sem ter em conta os problemas que se vinham a acumular na economia real e no sector financeiro não bancário. Para o banco, a crise foi originada no alavancamento excessivo em todas as actividades do sector bancário, bem como na sua insuficiente base de capitalização e deficientes sistemas de contabilidade. Tudo isso impediu os bancos de enfrentar as perdas ligadas às transacções correntes que se apresentaram em 2006-2007. Além disso, as perdas do sistema bancário paralelo (banca de investimento) foram amplificadas em todo o sistema bancário devido aos altos níveis de exposição dos bancos. Evidentemente, a análise deixa de lado as variáveis centrais que explicam a acumulação de capital sob o neoliberalismo: a estagnação do poder de compra das grandes massas, a necessidade de operar com bolhas e ciclos cada vez mais rápidos e de maior amplitude.
A principal característica de Basileia III é a elevação do nível de reservas duras que os bancos devem manter nas suas operações. Nestes acordos, sobe-se o nível de 2,5 por cento para 4,5 por cento do valor dos activos, e isso é complementado com um amortecedor de 2,5 por cento. Assim, os fundos que cada banco deve manter como reserva dura ascendem a 7 por cento dos activos.
Estas medidas afectam de maneira diferente cada banco, pois a composição da sua carteira é uma variável importante, tal como os seus níveis actuais de exposição. Mas, todos tranquilos na banca: estas medidas entrarão em vigor progressivamente. A aplicação definitiva está prevista para 2019, após um processo de consultas, provas e avaliações. Desse processo podemos esperar um enfraquecimento de tudo aquilo que não seja do agrado do lóbi bancário mundial.
Aumentar os níveis de capitalização é algo positivo. Mas se os níveis que se exigiam no passado eram muito baixos, o aumento não é algo tão importante. Mesmo com 7 por cento, a actividade bancária continuará a ser a que tem maiores níveis de alavancamento. Além disso, se não se disser nada sobre os métodos de avaliação de activos, esse requisito pode ser anulado. O lóbi bancário queixou-se da dureza destas novas regras, mas daqui até que os governos aprovem estas medidas e tenham a capacidade de as impor, muitas coisas se irão passar.
A triste realidade é que o sector bancário mundial descobriu há tempo que pode sobreviver saqueando a economia real, e que em caso de cair em bancarrota pode ser resgatado sem problemas e assim multiplicar exponencialmente os seus lucros. Esta é a conclusão de um documento clássico publicado por George Akerlof e Paul Romer (NBER Working Paper R1869, que se pode consultar em nber.org). As suas palavras, escritas em 1994, foram uma profecia: a bancarrota para obter lucros ocorrerá no contexto de contabilidade defeituosa, pouca regulação e penalização fraca; nesses casos, os donos dos bancos terão incentivos para declarar a falência, ser resgatados e pagar-se somas astronómicas. Soa familiar, não é verdade? Em tempos normais, o saque. Na crise, a falência, o resgate e os superlucros.
22 de Setembro de 2010
Artigo publicado no jornal mexicano La Jornada, traduzido por Informação Alternativa

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.