"Para além disso, foi possível assistir a declarações que mexeram sub-repticiamente em sentimentos de desconfiança e de discriminação para com os portugueses de origem africana, descendentes de segunda e terceira gerações, estigmatizando essas mesmas comunidades, como se se desejasse que as praias do Concelho de Cascais não fossem frequentadas por indivíduos de determinada etnia", destaca ainda o comunicado do SNOP.
Os oficiais de polícia vão mais longe e dizem que "a concentração de meios e a gestão de recursos policiais não pode (nem deve) estar sujeita às pressões e às declarações sensacionalistas de responsáveis políticos (quer sejam dirigentes partidários, autarcas ou outros) que parecem estar mais interessados em manipular os assuntos de segurança para efeitos mediáticos e partidários, do que em se co-responsabilizarem na adopção de políticas públicas sociais, económicas e de segurança".
Os incidentes na praia do Tamariz registaram-se à hora de almoço e a meio da tarde. No primeiro caso tratou-se de uma rixa entre dois grupos de jovens e no segundo foi um assalto que terminou com um ferido. A PSP interveio e identificou duas pessoas envolvidas nos incidentes.
O alarmismo gerado pelas declarações de Capucho levou o governo a anunciar o reforço do policiamento nas praias e a promover uma operação mediática que consistiu na revista de um grupo de dezenas de jovens, todos encostados à parede enquanto um agente gritava aos microfones das televisões: "A partir de agora há tolerância zero na praia do Tamariz".
Nos dias que se seguiram, alguma imprensa continuou a relatar o suposto "clima de insegurança" que se vive nas praias da linha de Cascais. Neste aspecto destacou-se o "Correio da Manhã", voltando a dar como notícia verdadeira o célebre "arrastão de Carcavelos" em 2005, que se traduziu num exemplo de manipulação mediática em Portugal, ao ponto da própria PSP ter sido obrigada a confirmar que o "arrastão" nunca aconteceu.
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