
Ainda na noite desta segunda-feira, Carlos Santos Ferreira, presidente executivo do BCP, falou abertamente sobre o pedido de ajuda, numa entrevista à TVI. Ricardo Salgado, do BES, provavelmente fará o mesmo esta terça-feira.
Trata-se de pôr o Estado a tomar medidas para salvar os bancos embora seja dito que o Estado português necessita mesmo dos tais 15 mil milhões de euros para cumprir com os seus compromissos até final de Junho.
O Negócios explica que a decisão dos bancos de não emprestarem de momento mais dinheiro ao Estado não é uma retaliação, e que resulta de uma “sobre-exposição no último ano”, em que os bancos portugueses “têm estado activamente a financiar o Estado” português, quer servindo de intermediários com o Banco Central Europeu (BCE) quer indo directamente aos leilões de títulos de dívida. Contudo, os bancos portugueses têm financiado o Estado a juros muito mais altos comparados com os que pagam quando recorrem ao crédito do próprio BCE.
No entanto, agora os grandes bancos deixaram de ter mais margem para isso, o que o Negócios sugere que resulta pelo menos em parte dos cortes de rating da dívida nos últimos dias – e a que se acrescentou já esta terça-feira o da Moody’s – para níveis pouco recomendáveis, o que prejudica os balanços de quem tem títulos da dívida portuguesa.
Esta posição dos bancos vai no entanto restringir muito as possibilidades de financiamento do Estado, que já tem os mercados quase fechados e anunciou recentemente um programa de emissão este trimestre de títulos de dívida apenas de curto prazo de sete mil milhões de euros.
Juros da dívida pública a cinco anos superam os 10 por cento
Os juros das obrigações portuguesas estão em alta em todos os prazos. Na maturidade a cinco anos, os juros da dívida portuguesa superaram pela primeira vez os 10 por cento e seguem a ganhar 12,4 pontos base para 10,042 por cento.
Os juros da dívida a dois anos subiram para 8,854 por cento, enquanto os juros das obrigações a 10 anos estão nos 8,666 por cento. A taxa de juro da dívida a dois anos continua, assim, acima da remuneração das obrigações com maturidade a 10 anos. Um sinal de que existem receios de que Portugal não cumpra o pagamento da dívida (o jornal Diário Económico avança esta terça-feira que o incumprimento poderá ser de 40 por cento) e algo que já não acontecia desde 2004 com a dívida portuguesa.
Esta terça-feira a Moody’s baixou o "rating" de Portugal em um nível de A3 para Baa1 e disse que poderá efectuar mais cortes. A Moody’s afirma que quem ganhar as eleições legislativas vai ter que recorrer ao Fundo de Estabilização Europeu "com carácter de urgência".
Bloco diz que bancos querem que seja accionada ajuda do fundo europeu
“O que parece é que os bancos estão a pedir a intervenção do Fundo [Europeu] de Estabilização Financeira”, disse o deputado bloquista José Gusmão.
Esta situação, comentou o deputado, “mostra como foi trágica a opção do Governo de responder a esta crise económica através de uma política de austeridade assimétrica”.
Quanto a uma ajuda intercalar, José Gusmão disse que o Bloco de Esquerda não sabe de que mecanismo se trata.
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