segunda-feira, 4 de abril de 2011

Outra vez o engano dos resgates: agora é Portugal?

“É mentira que o “resgate” seja forçoso porque a economia portuguesa sofra devido ao endividamento público. Se se encontra cada vez mais debilitada é por outro tipo de razões”.
“Não aos cheques em branco”, Manifestação contra do dinheiro para os bancos, 2008 - Foto Leesean/Flickr
“Não aos cheques em branco”, Manifestação contra do dinheiro para os bancos, 2008 - Foto Leesean/Flickr
Noutros artigos que se referiam ao caso espanhol tratei de pôr em destaque que quando se fala de “resgatar” um país se produz um grande engano que é imprescindível tratar de desencobrir.
Agora acontece o mesmo com Portugal quando as autoridades europeias e os chamados “mercados”, na realidade os grandes grupos financeiros e empresariais, insistem para que o governo português solicite que o seu país seja “resgatado”.
Geralmente, quando se fala de “resgatar” um país parte-se de uma situação real e de gravidade que costuma manifestar-se num grande endividamento que dificulta ou impede fazer face aos compromissos de pagamento adquiridos. Contudo, quando isto acontece produz-se um engano muito bem orquestrado em relação às razões, problemas, soluções e efeitos da operação que se deseja levar a cabo.
O primeiro engano costuma dar-se com a natureza dos problemas de que padece o país que se diz que há que “resgatar”. Agora, como nos casos grego ou irlandês recentes, afirma-se que Portugal tem um grave endividamento público derivado do crescimento descontrolado dos seus gastos que o obrigam a recorrer a um vultuoso empréstimo para liquidar com ele as dívidas. Não é de todo certo, como assinalarei de seguida.
O segundo engano deriva do anterior. Para que o “resgate” seja útil afirma-se que deve ser acompanhado de medidas que resolvam o problema que originou a situação que se quer resolver e que, portanto, devem consistir, principalmente em cortar os gastos. Em consequência, os que dão o empréstimo para “resgatar” o país, neste caso Portugal, impõem políticas consistentes de cortar qualquer tipo de gasto público e em especial o ligado às actividades que dizem que o sector privado pode levar a cabo mais eficazmente, quer dizer, os serviços públicos (outro engano mais porque não é certo que o faça melhor e contudo é inevitável que o capital privado o forneça mais caro e a menos população), ou o que se considera improdutivo, como o ordenado dos funcionários, por exemplo.
Ao mesmo tempo engana-se também afirmando que o resultado do resgate será o maior incremento da actividade e da criação de emprego e que, portanto, graças a ele as águas da economia voltarão ao leito anterior e inclusive a um nível muito mais satisfatório de rendimento económico.
Desde que nos anos oitenta se começaram a produzir “resgates” em economias da América Latina pudemos ver como acaba este tipo de operações (com menos actividade, emprego e desigualdade e com mais pobreza) e analisando a situação dos países que foram ou que vão ser “resgatados” podemos comprovar sem demasiada dificuldade a natureza deste engano.
Os problemas económicos que Portugal tem não são o resultado de ter havido muito gasto público, de endividamento público. É verdade que o défice aumentou muito nos dois últimos anos mas isso produziu-se como consequência da crise que os bancos provocaram e de que se tenha imposto uma resposta baseada precisamente em salvá-los à custa dum preço extraordinariamente alto. De facto, o governo português, seguindo directrizes e exemplos europeus e a pressão dos próprios poderes financeiros, chegou a nacionalizar bancos em operações que lhe custaram muito caro.
Mas não é sequer isso que provoca os problemas mais agudos da economia portuguesa. O seu problema mais grave não é o endividamento público mas o externo e este vem-se produzindo nos últimos anos não precisamente porque tenha havido desperdício público mas como consequência das políticas neoliberais que destruíram a riqueza produtiva, a indústria e agricultura e que lhe cercearam as fontes de geração de resultados já de si débeis. Como em tantos outros países, foram estas políticas geradoras de escassez em honra de salvação do lucro dos grandes grupos oligárquicos e que obrigaram Portugal a vender os seus melhores activos produtivos ao capital estrangeiro que destruíram o tecido industrial e a produção agrária e que assim provocaram um debilitamento da sua capacidade de criar impulso económico, da sua competitividade e, como consequência, o aumento da dívida externa.
A realidade é que as políticas neoliberais promovidas pela União Europeia significaram um espartilho letal para a economia portuguesa e foram produzindo nos últimos anos um aumento do desemprego e da pobreza que se tratou de dissimular, entre outros meios, pelo facto de que o domínio dos grandes meios de comunicação está cada vez mais nas mãos desses mesmos capitais estrangeiros.
E quando a crise estalou e o governo assumiu a carga extraordinária do salvamento bancário, assim como quando sofreu a maior diminuição de resultados e aumento de gastos para evitar o colapso da economia, é que a situação se tornou já insustentável.
Portanto, é mentira que o “resgate” seja forçoso porque a economia portuguesa sofra devido ao endividamento público. Se se encontra cada vez mais debilitada é por outro tipo de razões.
E aqui entra outro engano especialmente perigoso. As medidas de que Portugal necessita para salvar a sua economia não são as dirigidas a reduzir o gasto mas a mudar o tipo de políticas que lhe têm ocasionado perda de resultados, de actividade e de emprego e uma desigualdade cada vez maior, que fez com que os rendimentos em aumento das classes ricas se tenham dedicado ao investimento financeiro ou imobiliário especulativo que deram grandes lucros a bancos também estrangeiros, entre os quais se destacam os espanhóis, mas que acumularam muito risco e criaram uma base cada vez mais volátil e débil para a economia portuguesa, como agora se pode comprovar.
O engano seguinte tem a ver com os efeitos benéficos que dizem que o “resgate” teria.
Contra o que afirmam os porta-vozes dos grandes grupos financeiros que o desejam, se aos problemas reais que acabo de mencionar se junta agora, como querem os que se dispõem a “resgatar” a Portugal, cortes nos gastos, diminuições de salários e em general políticas que vão produzir diminuição da procura, o que acontecerá é que a economia portuguesa se encontrará ainda pior porque todo isso apenas vai provocar uma queda do consumo, do investimento e do mercado internos e, portanto, menos actividade e menos emprego.
A realidade é que o “resgate” de Portugal, tal como se daria assim seguindo a linha de outros tantos anteriores (um empréstimo muito volumoso para que Portugal pague as dívidas acompanhado de medidas restritivas e de corte de direitos sociais e de gastos) não vai salvar a sua economia. É mentira que este tipo de operações resgate os países. Isto é apenas um último e definitivo engano: trata-se não de salvar o resgatar dum país mas dos bancos, principalmente, e dos grupos mais ricos e poderosos, uma vez que o que se faz com o resgate é pôr dinheiro para que eles cobrem as suas dívidas e obrigar a que a sociedade carregue com a factura da operação durante anos.
Tão certo isto é que se torna fácil e patético comprovar que são precisamente estes grupos financeiros e as autoridades europeias que apresentam uma boa prova de quem de verdade beneficiará com ele a quem se empenha em convencer os portugueses a pedir o “resgate”.
E isto põe sobre a mesa uma última questão. Um engano não menos importante. Talvez o pior. Aquele que tem a ver com o tipo de regime político em que vivemos e em que os eleitores, os cidadãos, não podem decidir realmente sobre as questões económicas.
Chamam-lhe democracia mas à vista do que vem sucedendo está cada vez mais claro que não o é porque se nos furtou a possibilidade de decidir sobre as questões económicas que evidentemente são uma parte central das que directamente afectam a nossa vida. E é justamente por isso que temos de fazer tudo o que esteja nas nossas mãos para tratar de mudá-lo. Isso sim seria um verdadeiro resgate. O resto é outro roubo.
Artigo publicado em Cuarto Poder, disponível no site de Attac Espanha
Traduzido por Paula Sequeiros, para esquerda.net

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.