terça-feira, 2 de novembro de 2010

O Sahara Ocidental e a maré da história

Devemos exigir que os governos em todo o mundo exerçam pressão diplomática e política sobre aqueles que estão a ignorar os requerimentos estabelecidos sob a lei internacional e a bloquear um referendo de autodeterminação. Por Ken Loach e Stefan Simanowitz.
"Existem poucas dúvidas de que o povo do Saara Ocidental tem do seu lado tanto a maré da história como a força da justiça"  Ken Loach e Stefan Simanowitz
"Existem poucas dúvidas de que o povo do Saara Ocidental tem do seu lado tanto a maré da história como a força da justiça" Ken Loach e Stefan Simanowitz
Em 1960, a ONU adoptou a resolução 1514, que estabelece que todos os povos têm direito à autodeterminação e que o colonialismo devia ser conduzido a um final rápido e incondicional. Meio século depois, os leitores podem surpreender-se ao inteirar-se de que ainda há dezasseis territórios no mundo que ainda esperam conseguir a descolonização. Conhecidos como “territórios sem autogoverno”, a lista de lugares ainda regidos por poderes estrangeiros contém nomes familiares: Gibraltar e as Ilhas Falkland (Malvinas), para assinalar apenas duas. Mas enquanto alguns desses territórios, como a pequena ilha de Tokelau no Pacífico, são dependências das quais se poderia dizer que recusaram a independência e escolheram democraticamente manter o seu estatuto territorial, outros casos são mais polémicos. O mais notável é o do Sahara Ocidental, conhecido como a última colónia de África, que lutou pela autodeterminação durante mais de 35 anos contra o vizinho Marrocos.
No início de Outubro, em Nova Iorque, o Quarto Comité sobre Descolonização da ONU ouviu petições de pessoas que falavam em defesa desses territórios sem autogoverno. Tal como em ocasiões anteriores, o encontro deste ano esteve dominado por petições sobre o conflito no Sahara Ocidental, um conflito que se mantém como um dos mais antigos do mundo.
Aproximadamente do tamanho da Grã-Bretanha, o Sahara Ocidental estende-se ao longo da costa atlântica de África. Em 1976, num incumprimento da lei internacional, os espanhóis, de partida, dividiram o Sahara Ocidental entre Marrocos e a Mauritânia a troco de direitos continuados de pesca e da propriedade parcial de interesses mineiros. Seguiu-se uma guerra de 15 anos entre os marroquinos e a Frente Polisário, com a retirada dos mauritanos em 1979. Em 1991, foi declarado um cessar-fogo e, sob os termos de um acordo da ONU, foi prometido um referendo de autodeterminação. Dezanove anos mais tarde, os naturais saharauís ainda esperam esse referendo.
Uns 165.000 saharauís que fugiram do combate permanecem ainda alojados em desolados campos de refugiados no deserto argelino. Apesar da ajuda das Nações Unidas, as condições nos campos são abjectas, com a propagação de problemas de saúde, incluindo a hepatite B, a anemia e a meningite. Um inquérito de 2008 da Organização Mundial de Saúde sugere que um em cada cinco crianças nos campos sofre de desnutrição aguda.
Dentro do ocupado Sahara Ocidental, a população saharauí enfrenta a discriminação e abusos de direitos humanos. Organizações internacionais, entre elas o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, manifestaram sérias preocupações pelas violações dos direitos humanos no território, e um relatório da Human Rights Watch de 2008 revelou que Marrocos tinha violado os direitos de expressão, associação e reunião no Sahara Ocidental. A 15 de Outubro de 2010, devia ter começado o julgamento de três proeminentes defensores dos direitos humanos presos há mais de um ano quando regressavam de uma visita aos campos de refugiados. Apesar de não terem cometido nenhum crime, enfrentam acusações de traição pelas quais poderão enfrentar a pena de morte. A Amnistia Internacional emitiu uma declaração1 programada para coincidir com o início do julgamento, apelando à sua imediata e incondicional libertação, mas, no próprio dia, o julgamento foi cancelado e adiado até 5 de Novembro.
Contra o pano de fundo desta tragédia humanitária, a União Europeia selou um acordo pesqueiro com Marrocos sob o qual as águas do Sahara Ocidental estão a ser exploradas de forma ilegal pelos navios pesqueiros europeus. Muitos governos estrangeiros e companhias estão envolvidos em negócios com Marrocos, que lhes dão acesso aos vastos recursos naturais do Sahara Ocidental, sobretudo fosfatos.
Este mês em Nova Iorque, o Quarto Comité da ONU ouviu mais de 80 petições relativas ao Sahara Ocidental, incluído um apaixonado apelo de Suzanne Scholte, presidente da Defense Forum Foundation. “Não deixeis que a confiança [do povo saharauí] neste comité seja em vão, ou estareis a enviar ao mundo um terrível sinal de que a invasão, a agressão e a violência, como Marrocos empregou, são as vias para atingir os objectivos”, disse.
Apesar de muitas tentativas para romper o longo impasse diplomático, o progresso para uma resolução tem sido tortuosamente lento. Uma solução política pode parecer longínqua com as posições das partes tão afastadas: a Frente Polisário recusa negociar o legítimo direito à autodeterminação; Marrocos rejeita qualquer proposta que contenha mesmo a possibilidade de independência; e o Conselho de Segurança até agora sem vontade de impor as suas próprias resoluções. Mas a história demonstrou que uma solução política é a única via para avançar.
Não obstante, é importante ressaltar que uma solução política para este problema é demasiado importante para ser deixada nas mãos dos políticos. Compete-nos a nós, aos grupos da sociedade civil, activistas e indivíduos, fazer com que as suas vozes se oiçam. Devemos exigir que os nossos governos em todo o mundo exerçam pressão diplomática e política sobre aqueles que estão a ignorar os requerimentos estabelecidos sob a lei internacional e a bloquear um referendo de autodeterminação no Sahara Ocidental.
Como disse Martin Luther King: “O arco da história pode ser longo, mas sempre se curva para a justiça”. Existem poucas dúvidas de que o povo do Saara Ocidental tem do seu lado tanto a maré da história como a força da justiça.
Ken Loach é cineasta e Stefan Simanowitz jornalista
Para assinalar o primeiro aniversário da detenção dos três proeminentes defensores dos direitos humanos do Sahara Ocidental, Loach e Simanowitz juntaram-se a uma delegação de alto nível para entregar uma carta assinada por parlamentares ao primeiro-ministro David Cameron em 8 de Outubro, pedindo ao governo britânico para aumentar os seus esforços diplomáticos sobre Marrocos para garantir que os activistas recebem um julgamento livre e justo que conduza à sua libertação incondicional.
Artigo publicado em Huffington Post, traduzido por Informação Alternativa
1 Sahrawi activists on trial for visiting refugee camps, Amnistia Internacional, 14/10/2010.

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.