sexta-feira, 4 de junho de 2010

Os caminhos ínvios de uma batata

Ser ou não ser uma prioridade da Comissão Europeia: quanto esforço é necessário para aprovar uma batata geneticamente modificada?
Lead: 
Ser ou não ser uma prioridade da Comissão Europeia: quanto esforço é necessário para aprovar uma batata geneticamente modificada?
Recentemente, e após doze anos de não autorização da introdução de organismos geneticamente modificados na Europa, com excepção de um tipo especial de milho, a Comissão Europeia decidiu aprovar a Amflora, uma batata transgénica produzida pela empresa BASF. Além do significado de atribuir a esta batata o poder de quebrar uma decisão de mais de dez anos relativa à proibição dos transgénicos, algumas outras particularidades podem ser adicionadas a esta decisão da Comissão. Na verdade, quando se chega ao fim, podemos ver que a novidade desta decisão é preenchida com vários "velhos procedimentos", o último principalmente em relação à falta de transparência e, pelo menos, um fraco processo democrático de tomada de decisão.
A justificação para a aceitação da cultura da batata foi atribuída ao seu potencial em termos de aumento da produtividade, nomeadamente através da sua possível utilização na alimentação animal e produção industrial, em produtos como cimento, têxteis e papel. Foi acrescentado que nenhum país europeu seria "forçado" a cultivar a batata. No entanto, vários já mencionaram a intenção de aproveitar a oportunidade.
Mas porque é tão importante a história da batata Amflora? É importante porque pode ser vista como o espelho de algumas das formas mais evidentes de fazer política no seio da União Europeia, e a sua importância é ainda maior se considerarmos que é a primeira decisão tomada pela nova Comissão de Barroso. Num contexto de crise económica e social profunda, é, no mínimo, razoável questionar as prioridades da Comissão.
É, no entanto, difícil de explicar a lógica por trás desta decisão. Por que abrir um precedente, após mais de dez anos em nome de uma batata? É uma excepção que quebra mais de dez anos de protecção ambiental e segurança alimentar dentro deste domínio, e tendo como base uma autorização tão limitada. A própria decisão foi tomada nas costas dos cidadãos europeus que, nos últimos anos, apoiaram em grande medida a proibição de organismos transgénicos.
Não quero pensar sobre este processo como uma possibilidade de abrir uma porta para a criação de novos monopólios no sector da produção de alimentos. Seria uma base muito má e irresponsável para justificar os potenciais riscos, tanto para a saúde humana e animal como para a preservação dos ecossistemas que esta decisão pode gerar.
Poderia ser dito que o foco na batata Amflora é o mesmo que centrar-se num mero detalhe, mas neste caso, como em tantos outros, os detalhes fazem toda a diferença e, ao mesmo tempo, mostram como há uma espaço para criar vários atalhos em termos de processos democráticos de decisão.
Até agora, e tal como definido pela Agência Europeia do Medicamento (EMEA), a norma escrita sobre o cultivo de organismos geneticamente modificados é a seguinte: todos os organismos que são resistentes a dois antibióticos devem ser proibidos. Esse é precisamente o caso de Amflora batata que tem um gene marcador que mostra que é resistente a dois antibióticos. Então, por que decidiu a Comissão Europeia contra as regras da EMEA, um organismo da mesma Comissão? Se levarmos em conta tanto a Directiva 2001/18/CE como a decisão tomada em 2009, sabemos exactamente que a resistência a dois antibióticos é um critério que é suficiente para bloquear a circulação de qualquer OGM. Além disso, quer a EMEA e quer a Organização Mundial de Saúde foram recomendando o princípio da precaução em produtos que serão utilizados para alimentar os animais e, indirectamente, os seres humanos através da carne e do leite. Este princípio não foi seguido também. Sabemos ainda que há batatas convencionais que podem ser utilizadas para a mesma finalidade. Sabemos bem que a BASF está a preparar duas novas versões de batatas geneticamente modificadas para consumo humano, um deles chamado 'Fortuna'.
Não há outro lugar no mundo onde as batatas geneticamente modificadas são cultivadas e a razão é simples: a batata é considerada um dos tipos de alimentos mais seguros e, em muitos casos, a batata é a principal fonte de rendimento para vários agricultores. E os riscos de contaminação de áreas convencionais de cultivo próximas das áreas de cultivo de OGM?
Quando, em Fevereiro de 2010, o jornal Le Monde Diplomatique publicou um artigo onde se dizia que a Comissão estava prestes a aprovar uma batata geneticamente modificada, houve de imediato um comunicado de imprensa da Comissão a negá-lo. Embora não tivéssemos de esperar muitos dias para que a decisão oposta e assim a autorização, que foi dada directamente através de um procedimento escrito, do escritório de José Manuel Barroso, o que significa que ninguém foi consultado.
Sabemos que em breve será apresentado um novo quadro relativo à posição da Comissão sobre os organismos geneticamente modificados. É difícil compreender toda a pressa, assim como a necessidade de tomar essa decisão antes. Além disso, o presidente da Comissão afirma que ele próprio nesta nova era "após o Tratado de Lisboa" cultivaria uma cultura de subsidiariedade reforçada. Escolher no nome de todos não é um sinal nesse sentido. É também digno de mencionar que, em 2008, o Conselho aprovou uma decisão sobre a necessidade de ter uma avaliação do impacto socio-económico, antes de qualquer decisão sobre a autorização dos OGM. Nesta nova era de suposta co-decisão podemos encontrar aqui também um exemplo de um domínio onde o Parlamento Europeu não pode continuar a reagir. Uma empresa pede aos Estados-Membros se é possível cultivar OGM, o Estado solicita à Comissão, a Comissão envia a informação ao Parlamento, mas quando todas estas medidas foram tomadas, e após um curto período de tempo, mesmo que as decisões no meio tenham sido negativas, a Comissão tem o poder de decidir sozinha. O Grupo da Esquerda Unitária pediu um debate sobre esta questão, mas foi negado.
Demasiadas lacunas? Sim, provavelmente. Mas todas elas foram bem aproveitadas.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.