domingo, 19 de junho de 2011

A ditadura do número e a crise

A quantificação é fundamental para criar hierarquias e legitimar a autoridade de quem exerce o poder de forma discricionária.
Nas sociedades capitalistas contemporâneas, a quantificação tornou-se quase um dogma religioso, de tão central que é nas escolhas que fazemos e nas políticas que implementamos. Os exemplos são múltiplos: avaliamos a qualidade de uma máquina fotográfica pela quantidade de megapixeis, avaliamos a qualidade de uma escola pela sua posição num ranking, planeamos as políticas ambientais de acordo com a quantidade de poluição desejada e chegamos mesmo ao ponto de reduzir o conceito de “boa vida” a um qualquer índice de qualidade de vida. Pelo caminho, tudo o que não é quantificável torna-se invisível.
A quantificação é fundamental para criar hierarquias e legitimar a autoridade de quem exerce o poder de forma discricionária pela aura de objectividade que atribui a decisões que, na realidade, são baseadas em concepções de ética e moral e influenciadas pela ideologia dominante. Assim, um governo pode usar os rankings para pôr professores/as a competir entre si, introduzindo na organização das escolas princípios mercantis, e argumentar que quem se opõe a esta política está contra a avaliação per se. Assim também são criados mercados ambientais para o carbono ou a biodiversidade, como se a natureza pudesse ser cortada em pedaços e comercializada como qualquer outra mercadoria. Todas estas operações são feitas de uma forma que aparece como sendo a-ideológica e a-moral, no âmbito de um esforço concertado para reduzir o alcance de potenciais críticas. Esta é a base da ditadura do número.
Mas a quantificação não é apenas um instrumento de dominação. Ao criar novas categorias e reconfigurar relações sociais, tem efeitos reais na forma como as nossas sociedades são organizadas. O melhor exemplo que podemos encontrar actualmente é o da crise iniciada em 2008, na medida em que encontramos na sua origem a criação de mercados financeiros baseados na quantificação da incerteza.
Uma das maiores lacunas do ensino da Economia hoje é a diferença entre risco e incerteza. Podemos falar de risco quando temos uma situação em que podemos atribuir uma probabilidade a qualquer acontecimento futuro possível. Quando temos incerteza, contudo, não conseguimos calcular as probabilidades de acontecimentos futuros, pelo que não temos qualquer forma de prever o que vai acontecer. Dando o exemplo de um óptimo artigo de Larry Lohmann1, a expressão “economia de casino” é inadequada para descrever os mercados financeiros, precisamente porque num casino sabemos sempre qual é a probabilidade de ganhar ou perder num jogo e é possível calcular os ganhos esperados de forma exacta – é por isso que nenhum casino corre o risco de falir.
Os especuladores dos mercados financeiros, assim como os economistas, consultores e quantsque desenvolveram elaborados modelos para tentar prever o comportamento destes mercados, contudo, escolheram ignorar esta distinção. Como resultado, temos agências de rating a calcular o risco de cada fundo de investimento, como se fosse quantificável, e especuladores a decidir se compram ou vendem títulos baseados nestes ratings. Para um neo-liberal, tudo isto faz sentido: o mercado auto-regula-se, garante-se liquidez e o risco é alocado de forma eficiente. Quem vive no mundo real, contudo, já compreendeu que do que se trata é de desenvolver perigosos negócios de venda de ilusões.
Um exemplo particularmente ilustrativo desta loucura de quem acha que pode sacar da calculadora para determinar o risco de um activo pode ser encontrado com a história da equação de Black-Scholes. Em 1973, Fisher Black e Myron Scholes publicaram um artigo no qual desenvolviam um modelo que permitia prever a evolução de certos derivados num mercado financeiro. O modelo tornou-se extremamente popular, tendo estado inclusive na base da formação de novos instrumentos financeiros. Robert Merton desenvolveu este modelo posteriormente e veio a dividir com Scholes o chamado “Nobel da Economia”, em 1997 (Black não foi incluído porque já tinha falecido à data). Nesta altura, Merton e Scholes estavam no topo do mundo. Mas tinham cometido um erro fatal: aplicar o seu modelo à realidade.
Em 1994, Merton e Scholes criaram um fundo de investimento, tendo conseguido capitalizar a sua fama para obter mil milhões de dólares dos especuladores. O fundo foi muito bem sucedido nos primeiros anos, tendo registado um rendimento acima de 40%. Mas em 1998, com as crises asiática e russa, o fundo sofreu um pesado golpe tendo perdido 4.6 mil milhões de dólares em quatro meses. A falência do fundo mostrou de forma brutal as limitações de uma ideologia que insiste em ver os mercados financeiros como sendo domesticáveis pela força de modelos matemáticos.
Naturalmente que os especuladores não aprenderam as lições do desastre e em 2008 entramos numa crise financeira que levou à falência inúmeros fundos de investimento criados com base em complexos mecanismos de quantificação que falharam por completo no seu objectivo. Paradoxalmente, os instrumentos financeiros que permitiriam dominar a incerteza acabaram por criar novas fontes de incerteza. O capitalismo é assim, tem a sua forma de nos mostrar que não pode ser domado.

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.