sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A crise de 2011 e o efeito dominó da dívida

Ao agitar o espectro de uma crise, Cavaco Silva ignora sobranceiramente que já vivemos uma crise e muito grave.
A economia portuguesa ficou marcada, esta semana, por dois acontecimentos importantes. O primeiro foi a emissão de dívida pública de ontem. O segundo foram as previsões, pelo Banco de Portugal, de que a economia nacional perderá mais de um por cento do produto e estará numa profunda recessão no próximo ano.
Ora, só aparentemente estes indicadores são divergentes. A previsão do Banco de Portugal não deixa margem para dúvidas. Como consequência natural da política recessiva seguida pelo Governo, com o prestimoso apoio do PSD, o país vai entrar novamente em recessão já no próximo ano. Nem podia ser de outra forma, depois do brutal aumento de impostos, diminuição dos salários, crescente dificuldade no acesso ao crédito e aumento do desemprego. Mesmo os portugueses com emprego vão, com a subida de impostos e diminuição salarial, ver os seus rendimentos diminuir quase três por cento.
Resultado: o consumo privado vai ficar no nível mais baixo de sempre. E o pior efeito da recessão e que, só este ano, são mais 50 mil pessoas que vão ficar sem trabalho. Portugal está a um passo dos 700 mil desempregados.
Perante este cenário económico e social que se avizinha para Portugal, é extremamente preocupante que a nossa economia continue a ser alvo de um forte ataque especulativo. Um sintoma disso é que, face aos condicionalismos de uma economia à beira da recessão e de um mercado internacional incendiado pelas notícias cirurgicamente lançadas por Merkel e Sarkozy, os insaciáveis prosélitos do FMI como rolo compressor da democracia económica e social em Portugal andem cabisbaixos.
O FMI é o expediente da direita portuguesa para poder aplicar o seu programa radical e extremista, disfarçando-se atrás desta sigla: diminuição do valor do salário à custa da recessão, transferência para os privados dos mais importantes serviços públicos.
Cavaco Silva, que passou as últimas semanas a advogar o silêncio cúmplice dos responsáveis políticos diante dos movimentos dos especuladores internacionais que visam a destruição económica de Portugal e de todos os países da periferia da Europa, decidiu quebrar, ele próprio, esse verniz de silêncio, mostrando ontem com clareza o seu irreprimível anseio pela vinda dos disciplinadores implacáveis.   
Ao agitar o espectro de uma grave crise política quando toda a imprensa internacional estava a seguir a economia nacional e a sua capacidade de se financiar nos mercados, o candidato presidencial apoiado pelo PSD e pelo CDS não quis menos do que incendiar a pradaria. Para Cavaco Silva a mensagem é clara: devemos estar todos caladinhos sobre os juros da dívida, mas só quando essas declarações prejudiquem a especulação que se abate sobre a economia nacional. 
Para quem insistentemente se reclama de uma posição acima dos partidos, a perfeita sintonia desta estratégia com o discurso aguerrido da claque do FMI não será, certamente, mero acaso do destino. Quando a economia real a contraria, a claque do FMI, entre gritos de guerra dos economistas de serviço e palavras de ordem matraqueadas pelos fazedores de opinião, recorre à política da terra queimada, pretendendo abrir caminho à intervenção externa em Portugal que põe em causa a possibilidade dos portugueses decidirem sobre o seu destino.
Ao agitar o espectro de uma crise, Cavaco Silva ignora sobranceiramente que já vivemos uma crise e muito grave: um quinto da população é pobre e as pensões estão congeladas; um trabalhador em cada dois está desempregado ou é precário. A crise de 2011 agrava a destruição da economia e da vida das pessoas – e essa crise resulta da aplicação corrente de medidas FMI, nomeadamente no Orçamento que agora está em vigor com a decisão do Governo do PS e os votos do PSD.
Com amigos assim, a economia portuguesa não precisa de inimigos. O FMI e o Fundo de Estabilização Europeu não nos vão salvar. A sua intervenção usurária só tem dois objectivos: vergar o doente e isolá-lo, para salvar os países dominantes e os seus interesses financeiros. Com um senão suplementar: os resultados da Grécia e da Irlanda mostram à saciedade que o argumento da contenção do contágio é uma fantasia. Era preciso intervir na Grécia para salvar a Irlanda, era preciso intervir na Irlanda para salvar Portugal, agora é preciso intervir em Portugal para salvar a Espanha, a Itália e a Bélgica. Esta fila indiana perfilada para o sacrifício é o disfarce sórdido que os especuladores usam com mestria para ocultar a verdade: no fim, são realmente eles os únicos que se salvam e que ganham. E não é outra a lógica deste carrossel sem fim de subjugação das periferias europeias.
A desorientação da Eurocracia foi bem sintetizada pelo prémio Nobel Paul Krugman, quando falou do “masoquismo europeu” e da “mania europeia da austeridade”, exigindo uma transformação da política europeia.
O facto é que Portugal não pode continuar a pagar juros seis e sete vezes superiores à taxa de crescimento do produto, como assinala Krugman. Além de estarmos a pagar dinheiro que realmente não devemos porque não gerámos essa dívida, mais cedo do que tarde esses valores são insustentáveis. Mas a maior das perversidades que a estratégia da claque do FMI nos traz é a de somar suspensão da democracia ao esmagamento económico e social.
O FMI é um dos lados da bifurcação com que Portugal está hoje confrontado na escolha do seu futuro. Mas nada tem um só lado, não há caminhos únicos. O outro lado é o da democracia. Porque a democracia é o campo em que todos têm igual cidadania e, por ser assim, é o campo de serviços públicos que compensem as assimetrias de poder na sociedade. Eis pois clarificada a nossa escolha: ou o FMI ou a democracia. Não há terceira via.
Declaração Política na Assembleia da República -13 de Janeiro de 2011

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.