terça-feira, 14 de setembro de 2010

O fim das SCUT: quem fez as contas?

Aceite a utilização do princípio do utilizador-pagador, está aberto caminho, do ponto de vista ideológico, para que todos os serviços públicos fiquem sujeitos ao pagamento pelos seus “utilizadores”.
Se e quando as SCUT passarem a ter portagem real em vez de virtual, o PSD e o CDS vão dizer que alcançaram uma das mais importantes vitórias ideológicas dos últimos anos. E é verdade, mas como noutras ocasiões, uma vitória ideológica de certos partidos acaba por ser uma derrota para o país. E neste caso, ironia das ironias, será o governo do PS que em completa anemia política e de joelhos perante as propostas neoliberais do PSD irá, como criador, destruir a sua criação.
O fim das três SCUT Costa de Prata, Grande Porto e Norte Litoral, no total de 276 kms, não tem qualquer racionalidade económica e social.
Diz-se que os encargos anuais com as concessões rodoviárias são de 700 milhões de euros. É preciso ser rigoroso. Em 2009 os encargos foram de 647,9 milhões de euros, mas este montante não é apenas de concessões de SCUT, inclui por exemplo, a Lusoponte (travessia sobre o rio Tejo) ainda do tempo do governo de Cavaco Silva. Em 2010 os encargos totais serão de 382,7 milhões, em 2011 serão 532 milhões, em 2012 serão 334,9 milhões e em 2013 serão 320,8 milhões de euros (in Relatório OE2010- Situação Financeira das Administrações Públicas – pag. 205).
No entanto, os encargos em 2009 das três SCUT Costa de Prata, Grande Porto e Norte Litoral foram de 194,5 milhões, menos de 1/3 dos 647,9 milhões de euros (in Relatório de 2010 – Parcerias Público Privadas e Concessões – DGTesouro e Finanças- pag. 9).
Para 2011, com o fim das SCUT, a Estradas de Portugal prevê de receita cobrada em todas as sete existentes a verba de 130 milhões, face a encargos totais com as concessões de 532 milhões de euros. Mas qual será a receita a obter das portagens a introduzir nas três SCUT Costa de Prata, Grande Porto e Norte Litoral ? Vinte, trinta milhões de euros? E onde estão as contas feitas pelos defensores do fim das SCUT sobre o impacto mais global do pagamento de portagens, por exemplo na A28 ou na A29 ou na A41 ? Atente-se nas seguintes três situações:
1 - Portugal exporta mais para a Galiza do que para os Estados Unidos da América. Qual vai ser o impacto nessas exportações da introdução de portagens nas vias rodoviárias de expedição para a Galiza ?
2 – 400.000 passageiros/ano do Aeroporto do Porto são provenientes do sul da Galiza.
Qual vai ser o impacto da introdução das portagens na A28, sabendo que estes passageiros quase só utilizam o modo rodoviário, até porque a deslocação por ferrovia entre Vigo e Porto-Campanhã demora umas incríveis três horas e quinze minutos ?
3 – Entre 2000 e 2007 o número de mortes por acidentes rodoviários baixou para metade – de 1.877 para 974 mortosMas os custos da sinistralidade rodoviária continuam a ser superiores a 4 mil milhões de euros/ano.
Sabendo que a principal razão para essa diminuição foi a construção de 918 kms de SCUT e não, como deveria ser, a condução mais cuidada dos automobilistas, qual o efeito na sinistralidade rodoviária de empurrar veículos para estradas nacionais/municipais inseguras como a EN 13 ? Quantos mortos vai causar o dogma neoliberal de acabar com as SCUT ? Quais os custos que decorrerão do agravamento da sinistralidade rodoviária ?
Quem fez contas às implicações sócio-económico-financeiras da decisão política de extinguir as SCUT ? Os trezentos ou quinhentos ou setecentos milhões de euros/ano de encargos com as concessões rodoviárias são o “buraco” nas contas públicas? E que dizer então dos dois mil milhões de euros/ano de benefícios fiscais (despesa pública nos Orçamentos do Estado) só na zona franca da Madeira? Ou, doutra forma, há quem olhe para tostões e esqueça milhões.
Mas há ainda um outro ponto a considerar: invocar o princípio do utilizador-pagador para acabar com as SCUT é também uma forma de corrupção deste princípio jurídico-ambiental-social.
O princípio do utilizador-pagador (PU-P) defende que os recursos naturais devem estar sujeitos à aplicação de instrumentos económicos para que o seu aproveitamento se processe em benefício da colectividade. O PU-P passou a ser defendido pela OCDE em meados dos anos 80 para que fosse pago todo o uso privativo de um recurso ambiental de natureza pública. Tendo sido pensado para a utilização de recursos ambientais, a que propósito é que PSD, CDS e o governo PS invocam este princípio para justificar o fim das SCUT?
A razão parece óbvia: aceite a utilização do princípio do utilizador-pagador fora da área ambiental para a qual foi criado, está aberto caminho, do ponto de vista ideológico, para que toda a prestação pública, todos os serviços públicos, da saúde à educação, fiquem sujeitos ao pagamento pelos seus “utilizadores”.
Mas poder-se-á, com verdade, dizer que os utilizadores/beneficiários duma A28 são os condutores das viaturas? Os beneficiários da A28 não serão também os empresários que a utilizam para exportar, a tempo e horas e com segurança, os seus produtos ? Os beneficiários da A28 não serão também os trabalhadores que a utilizam para chegar a tempo e em segurança aos seus locais de trabalho? E não serão também os estudantes que a utilizam para se deslocarem aos estabelecimentos de ensino ? Não serão também as regiões Norte e Centro, a economia, todo o país, a beneficiar com uma A28 como SCUT?
É certo que quanto às sete SCUT existentes, no total de 918 kms, até o Tribunal de Contas no seu Relatório nº 14/03 concluiu que “o lançamento deste programa de concessões não foi precedido de uma avaliação sobre a sua economia, eficiência e eficácia, face ao modelo tradicional, de empreitada de obra pública” e que “o processo de contratação pública evidenciou falhas graves em matéria de transparência …” e ainda que “contrariando de novo as boas práticas internacionais …, o governo lançou estes concursos sem corredores ambientais previamente aprovados, descurando assim, de facto, os custos adicionais resultantes dos subsequentes reequilíbrios financeiros”.
E como Portugal, com 280kms de AE por milhão de habitantes e 33kms de AE por 1.000 km2 se tornou “o país das auto-estradas”, ocupando o top europeu, há até quem defenda a portagem real nas SCUT em substituição da portagem virtual. Mas com base no princípio do utilizador-pagador (PU-P), não será de aceitar, nunca.
Inventem mentiras novas.

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.