quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O Árctico preso num círculo vicioso

As emissões de dióxido de carbono derivadas da queima de combustíveis fósseis derretem os gelos do Mar Árctico, alterando perigosamente o equilíbrio energético de todo o planeta, acrescentam.
Árctico - Foto de Vinay Deep/flickr
Árctico - Foto de Vinay Deep/flickr
Uxbridge, Canadá, 21/9/2010 – “O gelo do Árctico alcançou o seu quarto nível estival mais baixo nos últimos quatro anos”, disse Mark Serreze, director do Centro Nacional de Dados sobre Gelo e Neve em Boulder, no Estado norte-americano do Colorado. O volume de gelo que resta no Árctico provavelmente terá alcançado este mês o menor registo da história, afirmou Mark à IPS. “Reitero as minhas declarações anteriores de que a cobertura gelada do Mar Árctico no verão experimenta uma espiral de morte. E não se recuperará”, acrescentou.
Não pode haver recuperação porque a cada verão somam-se à região enormes quantidades de calor extra, enquanto mais de 2,5 milhões de quilómetros quadrados do Oceano Árctico ficam expostos ao calor do Sol de verão durante 24 horas. E um Oceano Árctico mais quente não só demora mais para congelar como também emite enormes volumes de calor adicional na atmosfera, alterando os padrões meteorológicos do hemisfério Norte, confirmaram os cientistas.
“O inverno excepcionalmente frio e nevado de 2009-2010 na Europa, Ásia oriental e no leste da América do Norte está vinculado com os processos físicos únicos que se produzem no Árctico”, disse à IPS James Overland, do Laboratório Marinho Ambiental do Pacífico da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos, em entrevista exclusiva concedida em Junho em Oslo.
Paradoxalmente, um Árctico mais quente significa que “futuros invernos frios e nevados serão a regra e não a excepção” nestas regiões, acrescentou. Cada vez há mais evidências dos impactos generalizados de um Árctico mais quente, concorda Mark. “Capturar todo esse calor adicional tem que ter impactos, que aumentarão no futuro”, disse.
Um efeito local que já se faz sentir é o rápido aquecimento das regiões costeiras do Árctico, onde as temperaturas médias agora estão entre três e cinco graus mais elevadas do que há 30 anos. Se a temperatura média mundial aumentar do actual registo de 0,8 grau para dois graus, como parece provável, toda a região do Árctico se aquecerá pelo menos entre quatro e seis graus, e possivelmente oito, devido a uma série de processos conhecidos como “amplificação” da área.
Se o Árctico ficar seis graus mais quente, então metade do permafrost (gelo permanente) do mundo provavelmente derreterá vários metros, libertando a maior parte do carbono e metano ali acumulados durante milhares de anos, disse Vladimir Romanovsky, da Universidade do Alasca em Fairbanks e especialista mundial em permafrost. O metano é um gás de efeito estufa aproximadamente 25 vezes mais potente do que o dióxido de carbono. Isso seria catastrófico para a civilização humana, afirmam os especialistas.
A região do permafrost ocupa 13 milhões de quilómetros quadrados de Alasca, Canadá, Sibéria e partes da Europa, e contém pelo menos o dobro do carbono agora presente na atmosfera: 1.672 gigatoneladas, segundo um estudo publicado em 2009 na revista Nature. É três vezes mais carbono do que o contido em todas as florestas do mundo. “O derretimento do permafrost é observado consistentemente em toda a região desde a década de 1980”, disse Vladimir numa entrevista.
Um estudo de 2009, realizado no Canadá, documentou que nos últimos 50 anos o limite mais meridional do permafrost diminuiu 130 quilómetros na região da baía de James, na província do Quebec. No seu limite norte, pela primeira vez numa década, o calor do Oceano Árctico se estendeu para além da área continental neste verão, acrescentou Vladimir.
Não há estimativas certas sobre quanto dióxido de carbono e metano emite o permafrost ao derreter ou o permafrost submarino, que actua como cobertura sobre quantidades desconhecidas de hidratos de metano (um tipo de metano congelado) ao longo da plataforma do Árctico, afirmou este especialista. “O metano está sempre em qualquer parte onde se perfure o permafrost”, destacou.
Na primavera passada, no hemisfério Norte, os colegas de Vladimir informaram que anualmente cerca de oito milhões de toneladas de metano saem à superfície na forma de bolhas, das planícies árcticas do leste da Sibéria, segundo as primeiras medições feitas ali. Se apenas 1% do metano submarino do Árctico chegar à atmosfera, poderá quadruplicar a quantidade de metano que actualmente existe nela.
O actual derretimento do permafrost, relativamente lento, pode acelerar em poucas décadas, libertando enormes quantidades de gases de efeito de estufa, disse Vladimir. Tanto ele como outro especialista em permafrost, Ted Schuur, da Universidade da Flórida, concluíram que “em questão de décadas poderemos perder boa parte do permafrost”.
Nem as emissões de dióxido de carbono nem as de metano derivadas do derretimento do permafrost são consideradas nos modelos do clima mundial, e passarão vários anos antes que isso possa ser razoavelmente bem aceito, disse Ted à IPS.
Envolverde/IPS

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.