Na passada segunda-feira, o Bloco de Esquerda apresentou em conferência de imprensa, a nova Comissão Coordenadora Distrital do BE/Santarém. A lista encabeçada pelo vereador Carlos Matias foi eleita por unanimidade, na Assembleia Distrital realizada no Entrocamento, a 21 de abril.
O combate ao Governo da Troika é o eixo do programa distrital "Todos juntos pela luta toda". Recuperar o deputado na Assembleia da República, mater um papel activo nas autarquias, comissões de trabalhadores e sindicatos, reforçar a implantação na juventude são alguns dos objectivos propostos para o Bloco no distrito. Dar visibilidade à luta pelos direitos das mulheres, lutar contra os problemas ambientais, nomeadamente despoluição da bacia hidrográfica do Tejo e resíduos perigosos, estão também entre as prioridades do programa.
A Comissão Coordenadora elegeu na primeira reunião, realizada a 2 de maio, o seu secretariado, composto por, em ordem alfabética: Bruno Góis (deputado municipal em Santarém), Carlos Matias (Vereador no Entroncamento), Francisco Colaço (coordenador do núcleo do Cartaxo), Luís Gomes (Vereador em Salvaterra de Magos), Paulo Marques (Almeirim, tesoureiro distrital).
A nova Comissão Coordenadora foi apresentada por Luís Gomes que afirmou que a lista é muito representativa: vários autarcas, 35% de mulheres, 35% de jovens e um número de concelhos que corresponde a 90% da população do distrito. Além do referido secretariado são ainda membros da Comissão Coordenadora: Sara Cura (Abrantes, Arqueóloga), Victor Franco (membro da Comissão de Trabalhadores da EDP Distribuição) José Gusmão (Economista, e ex deputado pelo distrito de Santarém), Paulo Mendes (deputado municipal em Tomar), Ana Rita Filipe (Alpiarça, professora), Carla Oliveira (Entroncamento, Psicóloga) Helder Birrento (Benavente, Técnico de Elevadores), Patrícia Oliveira (Abrantes, Técnica de Contabilidade), Carlos Alberto Vieira (Alcanena, Professor), Rodrigo Gonçalves (Rio Maior, Estudante) e Carla Rodrigues (deputada municipal em Rio Maior).
São membros suplentes Rafael Gomes (Coruche, Operário Fabril), Duarte Arsénio (deputado municipal na Chamusca), Lina Duarte (Santarém, Professora), Carlos Marecos (Santarém, Engenheiro), Jorge Gonçalves (Tomar, Professor), Lúcia Mendes (Torres Novas, Técnica de Turismo), Manuel António Lopes (Abrantes, Operador de Produção Térmica), Célia Barroca (Torres Novas, Professora na ESES), Pedro Oliveira (Salvaterra, Jurista).
na foto da apresentação: Carla Rodrigues, Bruno Góis, Luís Gomes, Francisco Colaço
Síntese do programa distrital aprovado:
TODOS JUNTOS, PELA LUTA TODA
Vivemos uma das mais fortes ofensivas sociais, políticas e económicas dos tempos da democracia sobre os trabalhadores, os pobres e as conquistas de Abril, mesmo as mais elementares.
A dívida externa é um garrote que asfixia o país e o pretexto para um ataque desenfreado a direitos sociais e políticos, conquistados ao longo de décadas de lutas. O governo PSD/CDS, saído do “arco da Tróika”, leva a patamares extremos a agressão contra o povo português, que já vinha dos PEC´s do governo de Sócrates.
O Bloco surgiu para unir e mobilizar para a “luta toda” contra o neo-liberalismo, nas mais variadas frentes, e para dar resposta à falta de alternativas credíveis no quadro político partidário. O Bloco, na sua pluralidade, continua a ser uma referência de luta e resistência. Contudo, há que encontrar formas renovadas de fazer passar a nossa mensagem, para que, no ruído dos dias, esta não passe despercebida, nem seja calada ou distorcida pelos mecanismos ao dispor dos partidos do Bloco Central.
As lutas por mais democracia, mais justiça social, maior participação levarão a que o Bloco apareça como uma solução para a construção de alternativas políticas ao campo da troika e ao seu governo. Pela renegociação da dívida externa e pelo crescimento económico; contra o desemprego, contra a austeridade, contra o conservadorismo e contra falta de perspetivas para um futuro melhor --- estes são os nossos combates.
Os últimos anos foram muito intensos na vida do Bloco no distrito. Foram anos de crescimento organizativo e expansão da organização com candidaturas autárquicas a novos concelhos. Crescimento de sedes, aumento do número de autarcas eleitos. Líderes confirmados de algumas das mobilizações populares com impacto, nalguns concelhos, saímos com o prestígio reforçado. Chegámos à eleição de um deputado, confirmando o nosso crescendo de influência e audiência, mas que no marco das últimas eleições, não resistiu à ofensiva eleitoral da direita e à bipolarização do “centrão” PSD-PS. Vamos reelegê-lo de novo. Esse será mais um desafio.
Na resistência à ofensiva neo-conservadora tivemos intervenções unitárias pela defesa dos serviços públicos, da saúde, da educação, lutámos vitoriosamente contra privatizações do estacionamento, lutámos contra a poluição de suiniculturas ou resíduos perigosos, defendemos o direito das crianças aos infantários e estivemos em campanha contra a pobreza. Ajudámos na luta contra os despedimentos e pelos direitos dos trabalhadores. Também estivemos na defesa do património, na luta contra as portagens e a favor do serviço ferroviário público e dos seus trabalhadores. Estamos nas lutas pelas freguesias, em prol da democracia e das políticas de proximidade, contra a imposição da reforma “Relvas”
Há que prosseguir e intensificar a ação desenvolvida, porque os problemas subsistem e agravam-se face à irresponsabilidade das políticas do governo que conduzem o país para um amanhã insustentável.
Urge criar confiança, criar vontade individual de participar na vida do Bloco, na ação social e nas lutas. Abrir espaços políticos, potenciar os nossos pontos fortes políticos e humanos, pensar para agir e não apenas para reagir. É assim que juntamos forças contra o governo da Tróika. O Bloco é energia alternativa, nasceu do impulso de “Começar de Novo” como um movimento político que “já não esperava nada do PS e não ficava à espera do PCP” e responde positivamente a este momento de crise com um desafio de luta e de esperança no distrito de Santarém. Temos de retomar a sempre atual aspiração do povo português “A liberdade está a passar por aqui”.
As batalhas do presente. A crise, o empobrecimento, o encerramento de empresas e o grande aumento do desemprego, a imposição do medo e a chantagem da precariedade e/ou do despedimento, a diminuição da democracia com a implantação do “austeritarismo” (austeridade com autoritarismo) assente num acordo global Troika/PS/PSD/CDS, trouxeram uma enorme dificuldade à participação política e social da população. As nossas dificuldades aumentaram por essa via. É o maior, o mais violento e o mais amplo ataque aos direitos sociais e à democracia, desde o 25 de Abril.
No momento atual o distrito vê encerrar unidades produtivas todas as semanas, algumas de lucros avultados e são cada vez mais as pessoas dependentes de alimentos doados ou medicamentos pagos pelas IPSS. No distrito, como no país, o “austeritarismo” aprofunda a recessão da economia e esta será argumento para novas medidas de repressão e regressão social e económica. É preciso construir e alargar oposições e cidadania.
Na perspetiva dos estrategas do regime, a nossa região estará condenada a ser a periferia da “grande capital”. Além de vítima da política da troika, como muitas outras, a nossa região parece condenada a ficar para trás, num processo de crescimento desigual em que é parte fraca. Esta dinâmica regressiva é visível, sobretudo, nas zonas mais afastadas de Lisboa, como o norte do Médio Tejo, de Ferreira do Zêzere a Mação.
À estagnação económica, com o consequente agravamento do desemprego, soma-se um ataque a serviços públicos essenciais, como a saúde, a educação e os transportes públicos. Ultimamente, esse ataque atinge inclusivamente, a representação do estado mais próxima dos cidadãos. O governo da troika quer acabar à força, sem respeitar a vontade local, com freguesias que em muitos casos são o único apoio a populações envelhecidas e isoladas. Nestas circunstâncias difíceis, a resistência tem de ser ampliada ao máximo, unindo forças para enfrentar o ataque do governo da troika.
A nível distrital --- como a nível nacional --- o papel do Bloco deve ser o de estimular e apoiar a “luta toda”
Agir para vencer (mais democracia e mais participação). Ações públicas alargadas assim como intervenção de rua e uma periódica presença mediática com propostas e soluções para todos os problemas e situações distritais onde consigamos chegar deverão ser um eixo importante e central de atuação. Coordenar as nossas atividades com a representação sindical da região, no sentido de integrarmos e apoiarmos todas as mobilizações locais contra o desemprego e contra a austeridade e as políticas deste governo. Desenvolver, também, atividades próprias, neste sentido, em coordenação com os organismos nacionais do BE.
Tentaremos criar o hábito de efetuar, no distrito, encontros entre os autarcas eleitos, no sentido de se trocarem experiências e prepararem algumas respostas políticas, integradas, para problemas e situações de caráter mais alargado. O papel da mulher e da juventude deverá ser o eixo de algumas intervenções e campanhas integradas nas datas simbólicas da região, ou outras.
O objetivo estratégico é um significativo crescimento do Bloco de Esquerda a nível distrital, com caras novas, mensagens de mais democracia, mais diversidade, mais representatividade, mais luta, numa dinâmica crescente, com mais alegria, mais solidariedade positiva e construtiva de pontes e laços. Só gente nova e nova gente poderão garantir o futuro do BE e, que, o projeto que defendemos, seja o mais alargado, o mais democrático e participado possível.
Alargar, pois, a base de apoio do BE com iniciativas que nos aproximem de setores da esquerda política e sociológica, organizada ou não (independentes), juventude, mulheres, trabalhadores rurais, e fabris, estudantes.
Eleger de novo um deputado por Santarém é um desafio ambicioso a concretizar.
Os concelhos como centros de intervenção. A autonomia de soluções e a democraticidade local será uma das “pedagogias” democráticas da nossa intervenção a nível mais local. A criação de núcleos de freguesia e mesmo de empresa, quando possível, será uma novidade a desenvolver.
A consolidação das direções concelhias, com eleições, onde tal seja viável, e o apoio e coordenação com as representações mais débeis, apoiando intervenções concretas, seja em Assembleias Municipais, seja em Executivos, deverá ser levado em conta.
O funcionamento central distrital não deverá descurar o atendimento local, concelhio direto, dos órgãos distritais, sempre que tal se justifique.
A um ano das eleições locais muita coisa está em aberto, quer a nível legislativo quer a nível político geral. As organizações locais deverão desde já começar a estudar a(s) tática(s) que se poderá(ão) vir a colocar, sem uma definição concreta, para já, dada a indefinição a esta distância de alguns fatores na nossa realidade política. No entanto preparemo-nos a nível organizativo para a mobilização geral, necessária, da organização, para mais uma batalha eleitoral. A sua articulação e discussão mais alargada, deverá ser tida em conta, mais para a frente, numa interação com o contexto político nacional.
Mais participação, abrir a intervenção
1.
Participação
Como podemos melhorar a ação e a força do Bloco de Esquerda? Com mais democracia e participação interna e com o reforço de uma agenda política que abre o partido para fora e amplia espaços de comunicação e pontes de diálogo.
Melhorar o debate político, aberto e transparente é necessário. Para o fazer pensamos começar a realizar plenários semestrais de aderentes do Médio Tejo e da Lezíria do Tejo (NUTs3). Isso diminuirá as distâncias a percorrer e possibilitará menores custos de deslocação aos aderentes. Estes plenários não substituirão os previstos nas normas estatutárias e versarão temas localizados nessas regiões.
Facilitar a participação
d@s aderentes na vida do partido significa também, facilitar a participação de
tod@s.
2.
Intervenção direta para fora
Um partido de esquerda só tem vantagens em ser aberto à vida e à comunidade para que esta, cada vez mais, se identifique e partilhe a nossa mensagem.
Pretendemos iniciativas e propostas de ação, antes que os outros partidos as tomem, de forma a sermos nós a marcarmos a agenda política nos locais onde intervimos e a motivarmo-nos, tendo propostas de elevada oportunidade e atualidade, buscando os aliados necessários para enfrentar o poder conservador local ou nacional.
Teremos de ser um partido que sabe ouvir, que sabe parar para refletir e que faz planos para agir.
Várias sugestões ficam desde já lançadas para que cada camarada no seu local de intervenção possa avaliar da sua oportunidade num plano para dois anos:
Realizar em maio a comemoração do cinquentenário das greves e lutas de 1962.
Há 50 anos, milhares de trabalhadores agrícolas e industriais do Ribatejo desencadearam greves e ações de luta que conquistaram a jornada de trabalho das 8 horas diárias. Este exemplo é fundamental nos dias de hoje. A coragem pode vencer o medo, e as memórias das lutas passadas são necessárias para consolidar a nossa identidade social e histórica e ajudar a levar de vencida a luta cidadã contra a ideologia conservadora.
O Bloco de esquerda tem grande influência nos jovens do nosso distrito, por isso necessitamos de incentivá-los a discutir com o Bloco os seus problemas e preocupações. Necessitamos de ouvi-los mais e melhor, contrariando a tendência de sempre se saber o que é melhor para eles. Só assim conseguiremos captar a sua atenção permitindo que também eles nos possam ouvir melhor.
- Propõe-se um ciclo de pequenos espetáculos musicais seguidos de tertúlias temáticas abrangentes, que deverá ter um orador convidado para estabelecer um diálogo com os presentes
- Um ciclo de cinema e /ou teatro a acertar, com os mesmos métodos do anterior
- Um ou mais seminários a realizar só com oradores jovens, no sentido de se criar o hábito de os nossos jovens dialogarem com esse segmento etário da nossa periferia e não só
- Acampamento da juventude. A distrital proporá à Mesa Nacional / Coordenadora de jovens a realização do acampamento nacional de 2014 no nosso distrito.
- Marcha pelo emprego – avaliaremos a possibilidade de renovar o êxito da marcha pelo emprego, em condições a analisar nos concelhos do distrito
- Realização de reuniões distritais ou por concelho com vista a ajudar a procura ativa de emprego ( elaboração de Cv, alternativas para a criação do próprio emprego etc)
Jornadas autárquicas. As próximas eleições autárquicas serão muito importantes e a Convenção determinará as linhas de atuação. Passará pela valorização do bom trabalho feito, pela construção de equipas e as unidades necessárias e convenientes para a defesa da democracia da transparência dos orçamentos participativos e contra as privatizações de bens públicos, não descurando a importância do enquadramento com o programa político do B.E.
O BE envolver-se-á com as lutas das mulheres, fazendo o enfoque em datas como o 8 de março (dia da mulher), e o 25 de novembro (dia da luta contra a violência de género), fazendo campanhas públicas junto das escolas e outras entidades alertando para as manifestações concretas da discriminação e opressão de género e para o seu agravamento com a austeridade.
O BE empenhar-se-á nas ações nacionais do Bloco. Pelo distrito iremos juntar forças com outros setores sociais, culturais, desempregados, precários, ativistas sindicais e dos movimentos sociais para propiciar abertura, confiança, visibilidade mediática e de rua a ações de protesto em vários pontos do distrito e assim ir alargando a base social de apoio.
A distrital apoiará @s aderentes na construção de Comissões de Trabalhadores nas empresas, e na denúncia das injustiças e dos despedimentos, nas lutas e nos protestos.
Campanha contra a pobreza será um dos “eixos” distritais de intervenção
Continuar a acompanhar as campanhas e lutas já iniciadas na área do ambiente, seja a despoluição e navegabilidade do Tejo, e outras campanhas, como a dos Aterros de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), das ETAR’s e dos CIRVER’s, tudo fazendo para o seu correto funcionamento. Os rios Alviela e Almonda devem também ser objeto de especial atenção. Outras questões sugeridas,
- Ajudar a impulsionar o chamado “microcrédito” junto das câmaras municipais para as micro empresas
- Pensar em formas de propor, desenvolver e melhorar medidas de socorro social através das Redes Sociais, especialmente nos concelhos em que as mesmas são menos eficientes.
- Pugnar pelo incremento do fornecimento de refeições às crianças nas escolas, com carências sociais
- Visitar escolas e analisar a realidade escolar
- Contactar os movimentos associativos do distrito, nas suas diversas valências.
- Fazer o levantamento dos problemas locais a nível social, económico, educativo, cultural e na área da saúde.
Sem comentários:
Enviar um comentário