domingo, 6 de maio de 2012

Alexis Tsipras: "Queremos formar uma maioria de esquerda"

Alexis Tsipras, de 38 anos, é o líder da coligação de esquerda SYRIZA. Antes das eleições deste domingo, fala da experiência brutal da “nova economia” imposta pelas instituições financeiras internacionais e os burocratas de Bruxelas que ocuparam a Grécia. Entrevista de Bostjan Videmsek, do Periodismo Humano.
A coligação Syriza pode crescer nestas eleições, ao contrário dos partidos da troika. Foto Piazza del Popolo/Flickr
A morte de um pensionista na praça Syntagma foi extremamente simbólica – para mim é como um Jan Palach grego (que pegou fogo para protestar contra a ocupação soviética da Checoslováquia). Está de acordo que o seu país se encontra sob ocupação das instituições financeiras globais?
Este homem não foi o primeiro que esta crise levou a suicidar-se. Foi o primeiro a fazê-lo num lugar público e assinalou os responsáveis do seu desespero. A Grécia foi posta sob controle absoluto da União Europeia e do FMI com a cumplicidade do “governo socialista” e depois com a cooperação dos dois partidos tradicionais no poder. Em dois anos, depois de se sucederem os fracassos absolutos dos programas de estabilização, levaram-nos ao ponto em que o nosso país irá até à quebra absoluta, o que acontecerá depois de ser completamente saqueado pelos seus líderes. Na prática, isto significa uma perda de vidas, de dignidade e de futuro.
A maioria dos meus contatos em Atenas opinam que a Grécia é um “bebé proveta” para a futura economia europeia, na qual as pessoas serão obrigadas a trabalhar por 300 euros ao mês e onde não haverá nenhum tipo de Estado do bem estar. Como lutar contra isto?
Estás certo. Com o pretexto da crise da dívida grega, está a ser levada a cabo uma experiência brutal. Estão a pôr à prova quanto pode viver uma sociedade sem salários, sem justiça social, sem bens públicos. Se a experiência tiver êxito, implementarão o mesmo projeto em toda a Europa. Mas já estão a ver que o povo grego não vai satisfazê-los por mais tempo. Os partidos que consentiram este projeto estão-se a afundar, a sociedade está inquieta e as eleições podem mudar a situação de forma radical. Ainda mais agora que a crise se transmitiu ao resto do sul da Europa, ameaçando a Europa no seu conjunto. A única esperança é a resistência da sociedade. Irão impor-se ou os mercados e os lucros, ou o povo.
Como vê o desenvolvimento dos acontecimentos na Grécia? Como é possível possível, como político, afrontar problemas tão grandes e tanta pressão da UE?
Tudo depende da postura que tome a maioria social. É realista pensar mudar a situação atual e movermo-nos para um projeto político e social diferente. Mas para isso é necessário um conflito com a atual balança de poder. Para atingi-lo requer-se uma Coligação unida de todas as forças que partilham os mesmos objetivos. Mas o que se requer ainda mais é o apoio ativo da sociedade e do povo, e supostamente uma aliança com aqueles que se encontrem numa situação muito parecida.
Muita gente diz que a Grécia se está a converter num protetorado alemão, numa colónia com uma independência muito limitada.
Sem dúvida. O plano é deixar a Grécia sem recursos produtivos, nem riqueza pública. O plano é que os “autóctones” trabalhem por salários muito baixos e sem leis que os protejam, para que os investidores estrangeiros possam levar a cabo os seus negócios sem restrições ambientais, nem impostos. Não sei se é um plano alemão. Sem dúvida que é um plano do capital transnacional, que é visto com muitos bons olhos, inclusivamente pelos capitalistas nacionais. Mas fracassaram, inclusivamente antes de o pôr em prática. A crise de um país, que representa 2% do PIB da zona Euro, está a ameaçar toda a construção da UE. A avareza do capital ultrapassou qualquer limite. Tomou dimensões auto-destrutivas. As pessoas dão conta disto imediatamente. Os capitalistas serão os últimos a verem-no.
Vê uma possível solução em sair da UE e da zona Euro?
Sair do Euro não é a solução. Primeiro, porque isso beneficiaria aqueles que acumularam riqueza e portanto são financeiramente poderosos. Segundo, porque seria cobarde e estaríamos a converter povos que hoje são aliados em inimigos. Que haja gente que queira bombardear a zona euro é outro tema. Mas a nossa luta está dentro da Europa. Temos que fazer cair a balança do poder, acabar com a orientação neoliberal das divisas e abrir um novo caminho para uma Europa democrática e social.
Teme que o ascenso dos neonazis do partido Aurora Dourada os faça entrar no parlamento?
A História ensinou-nos que os fascistas aparecem sempre como resultado da decadência do sistema político civil. Os partidos que governaram este país implementaram uma política criminosa com o tema da imigração. Abandonaram o problema, pensando que seria mais eficaz aproveitarem-se politicamente da xenofobia do que levar a cabo uma política de imigração séria. Portanto, estavam a trabalhar objetivamente a favor dos fascistas. Mas não tenhamos ilusões, votar nos fascistas, que trazem e utilizam navalhas, não é um voto contra o sistema. Não é um voto para uma vida melhor. É simplesmente primitivismo político.
Quais são os seus objetivos para as eleições?
Gostaríamos que as pessoas votassem contra estes dois partidos que governaram o país durante as últimas décadas e que agora apresentam um programa comum que tem a ver com a abolição do estado social, a quebra social absoluta e a transferência da riqueza pública do país para os interesses privados. O objetivo é que as pessoas não lhes dêem a oportunidade de formar governo unindo as suas forças e utilizando a escandalosa lei que dá 50 deputados a mais para o primeiro partido. Têm que ser derrubados. Nós queremos formar uma maioria com os partidos de esquerda, os Verdes, os poderes que se opõem à situação actual tal como está a ser implementada pelo Memorando e pela UE. Unindo estas forças queremos formar uma nova Coligação de poder que mude radicalmente a política que estamos a seguir até agora.

Tradução: António José AndréVersão original aqui.

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.