Uma delegação do Bloco discutiu com o primeiro-ministro a próxima reunião do Conselho da Europa e Luís Fazenda defendeu novas regras para o défice que ajudem a combater a crise.
"O Bloco de Esquerda entende que não pode haver qualquer tipo de precipitação no apertar da malha do combate ao défice. Parece-nos prematuro o calendário que é avançado pela Comissão Europeia», afirmou o dirigente do Bloco à saída do encontro com José Sócrates. "Não podemos aceitar uma redução tão drástica do défice orçamental em apenas três anos. Parece-nos que deve haver um espaço de transição muitíssimo maior", sustentou Luís Fazenda, referindo-se à intenção dos ministros das finanças da UE de promover cores radicais nos défices orçamentais até 2013" .
"Esta era a altura adequada para uma revisão profunda do Pacto de Estabilidade e Crescimento, não pode haver um sinal de igual entre economias com uma grande debilidade estrutural e economias que vão sair mais rapidamente da recessão, não podem estar todas sobre o mesmo colete de força", acrescentou Fazenda, sublinhando que "Portugal deve ter um papel mais activo no âmbito da União Europeia para que as regras económicas possam favorecer Portugal e possam ajudar-nos a ultrapassar a crise económica e a recessão".
"Não devemos ficar seguidistas em relação a regras que podem beneficiar o directório da UE, mas seguramente não beneficiam uma economia mais débil e periférica como a portuguesa", resumiu o deputado do Bloco. Luís Fazenda disse ainda aos jornalistas, a propósito da cimeira do Clima em Copenhaga, que o Bloco acompanha a necessidade de um acordo vinculativo para as várias potências e sobretudo para os principais países emissores de gases de efeito estufa.
Antes da reunião desta segunda-feira com o primeiro-ministro, Luís Fazenda reagiu às declarações de Sócrates na véspera, que acusou a oposição de "irresponsabilidade"e "exibicionismo político" por ter aprovado uma série de medidas de combate à crise, como o fim do Pagamento Especial por Conta ou a imposição do Estado antecipar para 30 dias o prazo de reembolso do IVA. “O que o primeiro-ministro está a fazer é um jogo de dramatização”, respondeu Fazenda, acrescentando que “o Governo tem de se confrontar com a circunstância de que não tem maioria absoluta na Assembleia da República e de que precisa de dialogar com os diferentes partidos consoante aquilo que sejam os objectivos políticos”.
Fazenda desvalorizou ainda o comentário de Marcelo Rebelo de Sousa sobre a intenção da oposição em funcionar como um "governo sombra". Para o deputado bloquista, esta análise é "puro delírio" e devolveu a questão aos jornalistas: “Não está a ver o Bloco de Esquerda e o CDS a participar de um qualquer Governo? Não está a ver o PCP e o PSD a participar de um qualquer governo do Parlamento?”.
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