Pesquisador do Instituto Médico Howard Hughes da norte-americana Universidade de Yale, Steitz assiste em Madrid ao Congresso Internacional de Cristalografia, o estudo da estrutura ordenada dos átomos nos cristais da natureza.
No caso da tuberculose, Steitz averiguou o funcionamento que deveria ter um novo antibiótico para combater certas cepas resistentes a essa doença, que surgem sobretudo no sul da África.
O desenvolvimento desse medicamento precisa de um grande investimento económico e da colaboração de uma farmacêutica para avançar na pesquisa, comentou Steitz na colectiva de imprensa. “Fica muito difícil encontrar uma farmacêutica que queira trabalhar connosco, porque, para essas empresas, vender antibióticos em países como a África do Sul não gera apenas dinheiro”, lamentou. “Elas preferem investir em medicamentos para a vida toda.”
Por enquanto, segundo Steitz, estes novos antibióticos são “só um sonho, uma esperança, até que alguém esteja disposto a financiar o trabalho”.
Steitz, Enrique Gutiérrez-Puebla e Martín M. Ripoli, ambos do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC), fizeram uma apelo para que os países invistam mais em ciência. No caso dos antibióticos, a resistência das bactérias tornará necessário que estes continuem a pesquisar “indefinidamente”.
Steitz conseguiu revelar como funciona o ribossomo, a parte da célula encarregada de fabricar proteínas a partir dos aminoácidos, o que lhe valeu o Prémio Nobel, junto com os colegas Ada E. Yonath e Venkatraman Ramakrishnan.
Essa descoberta abriu uma nova linha de pesquisa em antibióticos, ao dar a conhecer o mecanismo pelo qual as bactérias se tornam resistentes a eles.
As suas pesquisas centram-se agora em determinar as regiões do ribossomo para as quais dirigir e fixar os antibióticos, ou seja, os pontos-chave em que o medicamento seria mais eficaz.
Actualmente, além da tuberculose, o laboratório de Steitz trabalha em vários compostos para combater cepas resistentes da pneumonia e do estafilococo áureo resistente à meticilina, que causa mais mortes que o HIV em alguns países, como os Estados Unidos.
Tradução: Idelber Avelar.
* Publicado originalmente pelo La Vanguardia e retirado do site da Revista Fórum.
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