Primeiro campo: leis eleitorais. A pressão para perpetuar o bloco central através da batota eleitoral é conhecida. Está em causa uma operação de reengenharia do sistema eleitoral para os governos do meio serem solução definitiva. Vai o PS virar à esquerda e repudiar de uma vez por todas a manobra de secretaria tornando a proporcionalidade e o pluralismo aberto a única regra definitiva, ou vai exibir-se como campeão do bloco central dando a mão ao PSD?
Segundo campo: despedimentos. A herança recebida dos governos de Sócrates a este respeito é conhecida: despedimentos em saldo. Ora, diante da ofensiva desembestada do governo contra o direito de quem é despedido a uma compensação digna, os únicos motivos de crítica do Partido Socialista são o atraso na constituição do fundo de indemnizações que será alimentado por descontos dos salários do próprio trabalhador despedido e dimensão demasiadamente reduzida dos descontos em causa. Nem uma palavra sobre a drástica diminuição das compensações. Silêncio sepulcral sobre a responsabilização dos trabalhadores pela compensação do seu próprio despedimento. É isto virar à esquerda?
Terceiro campo: a constitucionalização dos limites do défice. Diante do óbvio fracasso da receita da austeridade recessiva, a direita europeia lança a chantagem máxima da sua rigidificação. O que escolhe o PS? Aceita esta consagração ao mais alto nível da privação de meios para os Estados combaterem a recessão e as crises em nome de um europeísmo que só tem destruído a Europa? Ou combate-a em nome de uma Europa de emprego e crescimento?
Os porta-vozes oficiais e oficiosos do PS bem podem exprimir no espaço mediático escândalo e horror com os caminhos traçados pela direita governamental. De concreto sobram, no entanto, apenas os punhos de renda dos pedidos de esclarecimento ou das manifestações de desagrado contra as “descortesias” da direita. Mas nada de verdadeiramente alternativo à brutalidade das suas soluções. Não surpreende: o acordo com a troika amarra o PS à direita. E enquanto assim for, só se poderá esperar do PS uma oposição de procedimentos mas não uma oposição de combate e de proposta alternativa. Ou seja, uma viragem à esquerda.
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