domingo, 7 de novembro de 2010

Quando os bancos são os que roubam

Os bancos recuperaram a propriedade de 102.134 moradias no mês de Setembro de 2010, o que dá em média, uma casa a cada trinta segundos.
Os grandes bancos que ocasionaram a crise do mercado financeiro mundial e que receberam dezenas de milhares de milhões de dólares em subsídios financiados pelos contribuintes encontram-se possivelmente envolvidos num sem número de fraudes contra proprietários e tribunais. Na última semana, no entanto, vem acontecendo algo promissor. Os promotores-gerais dos cinquenta estados do país (EUA) anunciaram uma investigação conjunta sobre as fraudes que acarretaram julgamentos por execuções hipotecárias.
Bank of America, JPMorgan Chase, GMAC e outros grandes bancos que outorgam empréstimos hipotecários suspenderam os julgamentos de execução depois de ter vindo a público que os processos de execução eram realizados como se tratasse de uma “fábrica de execuções hipotecárias” na qual dezenas de milhares de documentos eram assinados por pessoal subalterno com escasso ou nenhum conhecimento do que assinava.
Ainda ante esta evidência, o governo de Obama assinalou que não apoiava uma moratória nacional das execuções hipotecárias (declaração de falência de pessoas físicas, recurso legal existente na legislação dos EUA) e pouco depois dessa declaração, o Bank of America anunciou que prosseguiria com os julgamentos de execução. GMAC fez o mesmo e seguramente haverá outros a se somar. Acabou-se a moratória voluntária.
GMAC Mortgage começou a processar documentos em massa, mediante uma prática conhecida como “assinatura robotizada”. Em muitos casos, o GMAC Mortgage apresentou aos tribunais documentos assinados por Jeffrey Stephan. Stephan tem a cargo uma equipa de doze empregados nos arredores de Filadélfia. O Promotor Geral do Estado de Ohio, Richard Cordray, apresentou um processo legal contra GMAC Mortgage, Stephan e contra o banco a que pertence a marca GMAC, Ally Financial (por sua vez, subsidiário da General Motors).
Segundo um informe, Stephan (e sua equipa) deve ter assinado dez mil documentos relacionados com julgamentos hipotecários num mês. Tomando em conta uma jornada de trabalho de oito horas, teria tido que ler, verificar e assinar na presença de um escrivão aproximadamente um documento por minuto. Stephan admitiu ter assinado documentos sem lê-los nem comprovar se efectivamente os proprietários dos imóveis tinha entrado em moratória. E Stephan foi só um dos tantos “assinantes robotizados”.
É importante ter em conta que a General Motors recebeu 51 mil milhões de dólares do resgate financeiro pago com dinheiro dos contribuintes, que a sua subsidiária GMAC recebeu 16,3 mil milhões de dólares e que a subsidiária da Ally Financial, a GMAC Mortgage, recebeu 1,5 mil milhões de dólares como “incentivo para a modificação dos empréstimos hipotecários.”
O raciocínio faz-nos compreender que você, como contribuinte, subsidiou um banco que agora termina por executar a sua propriedade de maneira fraudulenta. E, quais os recursos que existem para enfrentar isto?
Em Fevereiro de 2009, a parlamentar Marcy Kaptur aconselhou os proprietários a que forçassem os prestamistas (os bancos) a apresentar provas. Kaptur afirmou: “Por que razão deveria um cidadão norte-americano ver-se desalojado no meio do frio clima de Ohio? Terá de enfrentar 10º ou 20º graus abaixo de zero. Não abandonem nem deixem as suas casas por quê... sabem que? ... ainda que essas companhias assegurem ser beneficiárias das hipotecas, se os advogados não podem ver e tocar os documentos hipotecários, é como se a hipoteca não existisse. Já verão que essas companhias não podem encontrar os documentos lá em Wall Street. Por tudo isto digo ao povo norte-americano: ‘Ocupem as vossas próprias casas. Não se vão!’”
Ainda que fiquem nas vossas casas, quem outorgou o crédito hipotecário poderia entrar pela força. Nancy Jacobini, do condado de Orange em Flórida, estava na sua casa quando ouviu a aproximação de um intruso. Aterrorizada, achou que a iam roubar e chamou o 911 (o equivalente para os EUA ao número 112 de Portugal). A polícia determinou que, de facto, o intruso era alguém enviado pelo JPMorgan Chase para mudar as fechaduras. E Nancy Jacobini nem sequer enfrentava um julgamento hipotecário!
A maioria dos bancos que suspenderam as execuções hipotecárias, fizeram-no em vinte e três estados somente, porque foi em vinte e três estados onde os tribunais emitiram os seus pareceres em relação aos julgamentos hipotecários. Um dos juízes que se ocupa das execuções hipotecárias é Arthur Schack, Juiz Supremo Tribunal do Estado de Nova York. O juiz Schack foi notícia nos media de todo o país por ter recusado dúzias de demandas de execução hipotecária. Schack declarou ao noticiário de “Democracy Now!”: “O meu trabalho é fazer justiça… Há processos por execuções hipotecárias que aprovo, para isso, quem outorgou o empréstimo deve fazer três coisas: deve demonstrar-me que há uma hipoteca, que é beneficiário dessa hipoteca na data de início do julgamento e que há um devedor que entrou em moratória (falência de pessoa física). O maior problema para estas companhias parece ser poder comprovar que são beneficiárias da hipoteca quando da data de início do julgamento. E é então que nos encontramos com muitos problemas à hora de verificar a assinatura e fiel depositário de hipotecas, nos encontramos com declarações juramentadas de méritos duvidosos e, em geral, com papéis administrativos desordenados.”
Bruce Marks dirige a NACA (Neighborhood Assistance Corporation of America, Corporação de Assistência dos Vizinhos da América), uma associação sem fins de lucro que funciona a nível nacional e ajuda pessoas a evitar a execução hipotecaria. Marks disse-me: “Quando o Presidente Obama fazia a sua campanha como candidato a presidente disse que uma das primeiras coisas que faria seria impor uma moratória (falência de pessoa física) das execuções hipotecarias. Nunca o fez. Nunca apoiou a reforma da lei de quebras para que a gente tivesse direito a se apresentar ante um juiz de falências. E de que lado está o Presidente Obama quando diz: ‘Bom… o que acontece é que… não queremos decepcionar o mercado’? O que tem de bom o mercado é que quando se executa a hipoteca de alguém e ao lado vivem pessoas que pagam a sua hipoteca, fica um edifício disponível, ou fica um edifício em propriedade de uma companhia investidora que não terá consideração nem levará em conta aos proprietários que habitam o edifício? Deve haver uma moratória a nível nacional das execuções hipotecárias para dar-nos uma margem de possibilidade de reestruturar as hipotecas, de fazer que os seus pagamentos sejam acessíveis e de fazer que esta indústria comece a olhar os proprietários como pessoas, como famílias, como parte da comunidade, e não como bens que lhes dão ganhos.”
Segundo o portal especializado no “mercado” de execuções hipotecárias Realty Trac, os bancos recuperaram a propriedade de 102.134 moradias no mês de Setembro de 2010, o que dá em média, uma casa a cada trinta segundos. A cada meio minuto, os bancos, muitos dos quais receberam fundos do programa de resgate financeiro do governo de Bush conhecido como TARP (Trouble Asset Relief Program, Programa de Alívio para Recursos em Dificuldade, um gigantesco equivalente ao PROER brasileiro) e que poderiam estar a realizar manobras fraudulentas (tal como fizeram ao longo dos últimos dez anos), executam o sonho da casa própria de uma família norte-americana. Enquanto isso, o GMAC informou que durante a primeira metade do ano 2010 os seus ganhos aumentaram.
Denis Moynihan colaborou na produção jornalística desta coluna.
21 de Outubro de 2010
Texto traduzido do castelhano e revisto do original em inglês por Bruno Lima Rocha; originalmente publicado em português em Estratégia & Análise

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.