domingo, 8 de abril de 2012

"Esta lei fará com que muitas pessoas se vão embora"

Medina Omarkhanova, ativista da Solidariedade Imigrante, explica as razões para recusar a "Diretiva da Vergonha" que o Governo pretende transpor para a lei portuguesa, no sentido de facilitar a expulsão e dificultar ainda mais a vida de quem veio trabalhar para a Europa.
Medina Omarkhanova critica as alterações à lei de imigração propostas pelo Governo.
Medina Omarkhanova critica as alterações à lei de imigração propostas pelo Governo.
Para quem veio trabalhar para Portugal, quais as dificuldades que a nova lei trará?
Vemos aqui no nosso atendimento todos os dias chegarem pessoas desesperadas. Em primeiro lugar, é muito difícil legalizarem-se e muitas pessoas desistem. Esta alteração da lei empurra as pessoas a irem embora e desde 2007 eu conheço algumas pessoas de Leste que foram embora. Alguns de regresso aos países de origem e muitos para países como a Bélgica ou a França, porque as condições de vida são melhores, a qualidade de vida é melhor e ganham mais pelo trabalho que fazem. Claro que também gastam mais, mas é compensador.
Esta lei fará com que muitas pessoas se vão embora. Aqueles que querem lutar, que deixaram para trás os seus filhos, esposas ou maridos, vão tentar ganhar esta luta e ficar até ao fim nesta batalha. Já que arriscaram a sua vida ao vir de tão longe para trabalhar, deixando a esperança nos que estão lá à espera, não irão facilmente deixar o Governo mandá-los embora.
Mas estas leis são extremamente difíceis e os cidadãos nacionais na maioria das vezes não têm noção de como é difícil legalizar-se. Na televisão vemos coisas positivas, tudo é bonito, estão a abrir lojas, etc. Por exemplo na RTP2, o programa "Nós" só fala de coisas boas e não é só assim… Há muita dificuldade na vida das pessoas, sobretudo a falta de trabalho, porque a crise afetou muitos imigrantes, que aparecem aqui à procura de emprego. Não conseguem emprego porque o patrão exige o documento da autorização de residência. Mas se não têm esse documento não têm contrato e se não têm contrato não podem ter o documento… É complicado e só quem sofre na pele esta situação é que consegue entendê-la.

Porque chamam a esta diretiva europeia a "Diretiva da Vergonha"?

O Sarkozy é muito influente. Como tem muito dinheiro, muitos países dependem dele e da Merkel e por isso obedecem-lhe. Ele ameaça sai de Schengen, o que é mesmo vergonhoso num país com tantos imigrantes e ataques racistas e xenófobos. Agora anda à caça dos muçulmanos e isso é greve. E quer obrigar os outros países europeus a fazer o que ele manda. Esta é mesmo a Diretiva da Vergonha. Apanham um imigrante, prendem-no e depois expulsam-no.
Estas notícias sobre a alteração da lei estão a causar um grande stress na vida das pessoas que trabalham aqui, quer estejam em situação irregular mas também regular, que nos procuram para saber o que se vai passar. É muito complicado, é uma diretiva vergonhosa e suja. Não podem fazer isso. 
Provavelmente isto nunca vai acontecer, mas se todos os imigrantes saíssem da Europa, como será? Quem vai fazer aquele trabalho "sujo" que na maioria das vezes não tem mão de obra disponível?
Com a crise dos últimos anos, muitos imigrantes abandonaram o país. Esta lei pode acelerar ainda mais esse fenómeno?
O processo de legalização em Portugal é muito complicado: as pessoas esperam anos, enquanto descontam para a segurança social e não conseguem ver legalizada a sua situação. Agora, parece que querem criar um instituto por causa do reagrupamento familiar. Mas não se percebe para quê criar mais uma coisa quando não conseguem dar conta do que já têm. Qualquer cidadão, mãe ou pai, tem o direito de trazer os seus filhos. É muito grave que o Governo exija que as pessoas apresentem meios de subsistência, como se um pai e uma mãe não pudessem arranjar meios de subsistência para os seus filhos. E nem sei o que dizer da proposta de legalizar quem invista um milhão de euros…
Todos os imigrantes perguntam: como é que o Governo exige a apresentação dos documentos laborais e depois vai multar o patrão que deu trabalho ao imigrante? Não conseguimos legalizar a nossa situação sem estar a trabalhar. E se trabalhamos o patrão é multado e depois manda-nos embora porque não quer pagar a multa.
Esta proposta de lei é extremamente grave. Eles deviam era agarrar-se às pessoas que estão ainda a viver aqui e contribuem para a cultura e economia, e darem possibilidades para eles se desenvolverem e trabalharem contribuindo -  Passos Coelho fala sempre que daqui a 20 ou 30 anos não vamos ter pensões - e criam condições para que estas pessoas não irem embora e continuarem aqui.
Estão a ser preparadas ações de protesto contra a proposta do Governo?
As associações mostraram-se preocupadas com esta alteração e não estão de acordo com ela. No sábado juntaram-se aqui mesmo muitas pessoas que trabalham com imigrantes nesta área, e estamos a apelar à participação nas manifestações do 25 de Abril e no 1º de Maio. Não queremos que seja aprovada esta proposta que vai ser discutida em breve no Parlamento.
Na minha opinião, o Governo acha que os imigrantes são só um problema, uma complicação na vida do país. Por isso quer facilitar a expulsão dos imigrantes como se fossem criminosos. Eu falo com cidadãos daqui que pensam que os imigrantes vêm tirar o trabalho deles. Mas toda a gente sabe que os imigrantes fazem o que muitos cidadãos não querem fazer, porque têm estudos e doutoramentos, não querem trabalhar na restauração, limpezas ou construção civil.

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.