domingo, 6 de novembro de 2011

Oligarquia no estilo americano, por Paul Krugman

Praticamente toda a redistribuição do rendimento tem ido para os americanos que fazem parte dos 1% mais ricos. Isto é, os manifestantes de Occupy Wall Street que se apresentam como representantes dos 99% estão basicamente certos, e os especialistas que asseguram que a questão é relativa à educação e não aos ganhos da pequena elite, estão completamente errados.
“We are the 99%” - Occupy Wall Street, 26 de Setembro de 2011 – Foto de Paul Stein/Flickr
“We are the 99%” - Occupy Wall Street, 26 de Setembro de 2011 – Foto de Paul Stein/Flickr
A desigualdade está de volta às notícias em parte graças ao movimento Ocuppy Wall Street, mas também com um pouco de ajuda do Escritório do Orçamento do Congresso (CBO). E sabemos o que isso significa: está na hora de trazer os “ofuscadores”!
Qualquer um que tenha lidado com essa questão sabe do que estou a falar. Quando a crescente disparidade de rendimentos ameaça ficar em foco, um grupo de defensores tenta borrar a imagem novamente. Os think tanks produzem relatórios alegando que a desigualdade não está realmente a aumentar, ou que ela não é importante. Especialistas tentam pintar um quadro mais ameno, alegando que na verdade não é uma questão de ricos contra os mais pobres, mas sim dos cultos contra os menos cultos.
Então o que é preciso saber é que essas alegações são basicamente tentativas de obscurecer a dura realidade: temos um sociedade na qual o dinheiro está cada vez mais concentrado nas mãos de uns poucos, e na qual essa concentração de rendimento e riquezas ameaça transformar-nos numa democracia somente no nome, e não de facto.
O Escritório do Orçamento apresentou um pouco dessa dura realidade num relatório recente, documentando um declínio acentuado na participação do rendimento por parte dos americanos de baixo e médio rendimento. Gostamos de pensar que somos um país de classe média. Mas com 80% dos lares mais pobres agora recebendo menos do que metade do rendimento total, este é um modo de pensar que cada vez mais vai contra a realidade.
Como resposta, já apareceram algumas explicações bem conhecidas: os dados estão errados (não estão); os ricos são um grupo que muda constantemente (não é o caso); e assim por diante. No momento, a explicação mais popular parece ser aquela que diz que talvez não sejamos uma sociedade de classe média, mas somos ainda uma sociedade de alta classe média, na qual uma ampla classe de trabalhadores altamente bem qualificados, que possuem habilidades para competir no mundo moderno, está a ir muito bem.
Essa é uma boa estória, e muito menos perturbadora do que a de uma nação na qual um grupo muito mais pequeno de pessoas ricas está a ficar cada vez mais dominante. Mas ela não é verdadeira.
Os trabalhadores com curso superior têm realmente, em média, ganhado melhor do que aqueles que não têm, e a distância entre eles tem aumentado ao longo do tempo. Mas os americanos altamente qualificados não são imunes à estagnação do rendimento e à crescente insegurança económica.
Os ganhos nos salários para a maioria dos trabalhadores com diploma universitário não tem sido grande (e é não-existente desde 2000), enquanto que até mesmo os bem qualificados não têm mais garantias de conseguir empregos com benefícios. Em particular, nos dias de hoje, trabalhadores com diploma universitário, mas nenhum outro título, têm menos chances de conseguir planos de saúde pagos pelo trabalho do que trabalhadores que tinham somente o ensino médio completo em 1979.
Então, quem está a ter os grandes ganhos? Uma minoria muito rica e muito pequena.
O relatório do Escritório de Orçamento diz-nos que praticamente toda a redistribuição do rendimento acima dos 80% mais pobres, tem ido para os americanos que fazem parte dos 1% mais ricos. Isto é, os manifestantes que se apresentam como representantes dos 99% estão basicamente certos, e os especialistas que asseguram que a questão é relativa à educação e não aos ganhos da pequena elite, estão completamente errados.
Se há algo que os manifestantes estão a fazer errado é colocar o ponto de corte muito em baixo. O relatório recente do escritório de orçamento não analisa os 1% de cima, mas um relatório anterior que ia até 2005, descobriu que quase dois terços da crescente participação do percentual de cima do rendimento na verdade foi para os primeiros 0,1% - Os 1/1000 americanos mais ricos, cujos rendimentos cresceram mais de 400% entre 1979 e 2005.
Quem são esses americanos 0,1% mais ricos? São empresários heroicos criadores de empregos? Não, na sua maioria, são executivos de empresas. Uma investigação recente mostrou que cerca de 60% do topo 0,1% ou são executivos em companhias não-financeiras ou ganham o seu dinheiro em finanças, i.e., Wall Street, falando de modo amplo. Adicionem advogados e pessoas que trabalham no mercado imobiliário, e estamos a falar de mais de 70% dos 1/1000 sortudos.
Mas por que é importa esta crescente concentração de rendimentos e riquezas em poucas mãos? Parte da resposta está no facto de que a crescente desigualdade aponta para uma nação em que a maioria das famílias não participa plenamente no crescimento económico. A outra parte da resposta está no facto de que uma vez que vemos o quanto ricos ficaram os ricos, torna-se mais atraente o argumento de que impostos mais altos para os que ganham mais deveria ser parte de um orçamento a longo prazo.
A resposta mais ampla, no entanto, é a de que a concentração extrema de rendimento é incompatível com a democracia real. Podemos seriamente negar que o nosso sistema político tem sido distorcido pela influência do dinheiro, e que essa distorção está a ficar pior na medida em que a riqueza dos poucos cresce cada vez mais?
Alguns especialistas tentarão dissipar as preocupações sobre a crescente desigualdade como se fosse uma tolice. Mas a verdade é que toda a natureza da nossa sociedade está em jogo.
Artigo publicado originalmente no The New York Times
Tradução de Márcio Larruscahim para Carta Maior

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.