domingo, 16 de outubro de 2011

O segundo buraco do ozono


No Árctico como também no Polo Sul: culpa de um inverno muito rígido na estratosfera e dos compostos de cloro e flúor. Artigo de Elena Dusi, publicado em La Repubblica.
Foto de NASA Goddard Photo and Video/Flickr
Foto de NASA Goddard Photo and Video/Flickr
Uma “destruição sem precedentes”, que na última primavera “atingiu níveis semelhantes aos da Antártida”. Pela primeira vez, “podemos falar oficialmente de um buraco de ozono também na região do Árctico”.
A revista Nature baptizou assim o novo “rasgão” na coberta que nos protege das radiações ultravioletas: um buraco cinco vezes maior do que a Alemanha. Na Primavera de 2011, durante quase um mês, no Polo Norte, abriu-se um buraco de ozono gémeo do outro no Polo Sul. Com a diferença de que o excesso de radiação ultravioleta em torno ao Árctico atingiu os seres humanos que vivem nas regiões setentrionais da Europa, Ásia e América.
No dia 5 de Abril de 2011, a Organização Meteorológica Mundial havia lançado efectivamente o alerta para um excesso de raios ultravioletas nos países escandinavos. “Em caso de valores muito altos de UV – lia-se no comunicado – poderiam bastar poucos minutos de exposição ao Sol, mesmo em Abril, para se ficar queimado”. E um leve excesso de ultravioletas (mesmo longe de serem perigosos) também foi medido naqueles dias pelos aparelhos do Instituto de Ciências Atmosféricas e do Clima do CNR em Bolonha.
“Os valores em Bolonha permaneceram insolitamente altos por alguns dias. Na nossa estação de Lampedusa, as medições, ao contrário, eram normais”, explica Vito Vitale, investigador do Instituto.
As suspeitas desta Primavera foram confirmadas agora, com o estudo da Nature coordenado pelo Instituto Alfred Wegener para a Investigação Meteorológica e Polar, de Potsdam, que reúne os dados dos satélites e de 30 estações situadas acima do Círculo Polar árctico. O que provocou o ano horrível do ozono no Polo Norte foram um inverno particularmente frio na estratosfera e os compostos de cloro e flúor que irão sobreviver por algumas décadas depois da proibição imposta pelo Protocolo de Montreal, assinado em 1987 e que entrou em vigor em 1989.
Na faixa de atmosfera compreendida entre 18 e 20 quilómetros, o desaparecimento do ozono atingiu até 80%: só uma em cada cinco moléculas sobreviveu à Primavera, a estação em que se concentra o processo químico da destruição desse gás. “O fenómeno começou em Janeiro, depois acelerou-se a tal ponto que as concentrações de ozono atingiram níveis muito mais baixos do que no ano anterior”, explica Gloria Manney, do Jet Propulsion Laboratory da Nasa, primeira autora do estudo. “O pico mínimo foi registado durante 27 dias entre Março e o início de Abril em uma superfície de cerca de 2 milhões de quilómetros quadrados”.
Um empobrecimento semelhante, observam os investigadores, era típico do céu acima da Antártida antes do Protocolo de Montreal. Mas a quantidade de clorofluorcarbonetos na atmosfera é só um dos factores em jogo. O outro ingrediente é o frio. A cerca de 77 graus abaixo de zero, de facto, desencadeiam-se as reacções químicas que levam os compostos de cloro e de flúor a agredir o ozono. Enquanto na Antártida essas condições se prologam por 4-5 meses por ano, no Polo Norte, mais suave, o frio extremo dura 2-3 meses.
Não foi isso que aconteceu no início de 2011, quando a temperatura permaneceu abaixo do limite perigoso durante quatro meses (de Dezembro até o fim de Março), criando aquela que os investigadores hoje definem como “uma condição sem precedentes” e “paralela à que é medida na Antártida”. Outras estações cinzas para a “coberta” do Polo Norte haviam sido registadas em 2005, em 2000 e em 1996. “Mas nesses anos a destruição do ozono havia sido incomparavelmente inferior do que em 2011″. Neste ano, a perda de gás foi quase o triplo com relação a 1997 e comparável à registada na Antártida em 1985, ano em que a existência de um buraco de ozono foi denunciada pela primeira vez no mundo.
“As mudanças climáticas vão aumentar ainda mais o buraco de ozono na Antártida”
Para Michael Colacino, que coordenou as medições na Antártida, com o Protocolo de Montreal, só foi enfrentado até agora o lado químico do problema.
“O Protocolo de Montreal interveio no lado químico do problema. Mas o climático ainda está em aberto”, explica Michael Colacino, que foi director do Instituto de Física Atmosférica do CNR e coordenou até ao ano passado as medições feitas na Antártida.
Eis a entrevista:
Por quanto tempo permanecerão ativos os gases que destroem o ozono?
A acção de destruição do cloro na atmosfera pode durar 30 ou 40 anos. Por isso, na época de Montreal, previa-se que a quantidade de ozono na Antártida voltariam ao normal em torno de 2020-2025. Hoje, porém, esse prazo foi postergado para não antes de 2050. E aqui intervém o discurso sobre as mudanças climáticas.
Os autores da Nature evitam entrar nesse assunto.
Mas a temperatura é um factor determinante, porque a destruição do ozono é possibilitada pelo frio intenso que é registado nas nuvens estratosféricas polares. E sabemos muito bem que, quando a temperatura aumenta nas camadas baixas da atmosfera, por razões de equilíbrio radioactivo, deve diminuir nas camadas altas.
A tradução é de Moisés Sbardelotto para IHU On-line, disponível em Outra Política

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.