quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A crise dos bancos


Os bancos (e outras espécies de bancos travestidos) foram em grande parte os responsáveis pela crise que atravessamos.
Há quem se esforce por esquecer, mas os bancos (e outras espécies de bancos travestidos) foram em grande parte os responsáveis pela crise que atravessamos. Os capitais públicos injectados para evitar a sucessão de falências no sistema financeiro justificaram depois o início dos problemas com as dívidas soberanas.
Em Portugal, tal como explica o Nuno Teles, podemos atribuir à banca o excessivo endividamento externo. Quer isto dizer que os bancos pediram emprestado ao exterior para emprestar dentro de fronteiras. Por si só esta prática não é errada – a intermediação de fundos é a mais importante função do sistema bancário – mas a forma como os bancos dirigem a sua política de crédito pode condicionar o padrão de especialização de uma economia. No nosso caso, os bancos favoreceram o sector dos bens não-transaccionáveis: imobiliário, telecomunicações, sector financeiro e muitas parceiras público-privado. O facto de privilegiarem sucessivamente grandes empresas a operar em sectores “não exportáveis” (vejam os casos da electricidade ou telecomunicações), lucrativos monopólios naturais privatizados, em detrimento de outras áreas (agrícola e industrial, por exemplo), provocou um enviesamento na estrutura produtiva da economia. Outros factores contribuíram também para isso, como algumas das políticas industriais e agrícolas impostas pela União Europeia.
Neste contexto,é preciso rever os argumentos que justificam a contínua injecção de dinheiros públicos no sistema bancário.
É um facto que, para funcionar correctamente, uma economia precisa de um sistema bancário eficiente. Teoricamente, e como bem disse o anterior ministro das Finanças, o sistema bancário desempenha funções que assumem um carácter de bem/serviço público: 1) transformam recursos de curto prazo em empréstimos de logo prazo; 2) criam moeda na economia através da concessão de crédito; 3) financiam a actividade económica e 4) ajudam a proteger e gerir o risco de certos investimentos.
Por outro lado, o impactodas crises financeiras na economia e na vida das populações, leva a que a existência de um sistema bancário “saudável” e responsável seja matéria com características de bem público.
É também um facto que a banca privada em Portugal, e não só, tem sido incapaz de desempenhar da melhor forma as funções que sustentam a sua existência e, sobretudo, que justificam a protecção que o Estado lhe confere. Para além da sua parte de responsabilidade na crise e nos atrasos estruturais do país, a banca privada portuguesa contribuiu para agravar os problemas na economia, ao restringir o crédito com a crise financeira. A Caixa Geral de Depósitos, o banco público, foi o único banco que aumentou o financiamento à economia nos últimos anos.
Não quer isto dizer que se possa simplesmente deixar os bancos falir – os riscos sistémicos associados à sua falência persistem – mas devemos certamente repensar o papel do Estado no sistema financeiro, a começar pelo destino dos milhões consignados no empréstimo da troika à recapitalização da banca em Portugal.
O formato destas operações de recapitalização dos bancos ainda não está definido. A hipótese de injecções de capital em troca da participação do Estado nos Conselhos de Administração dos bancos privados (e na distribuição de dividendos ou na decisão de a suspender) não agrada aos accionistas, o que já os levou a rejeitar a necessidade destes fundos. Propõem, em alternativa, que se utilizem os avales e capitais previstos pela troika para pagar dívidas do Estado à banca. Não nos enganemos em relação a esta proposta – a não ser que as dívidas estejam de facto vencidas e o Estado em incumprimento, não faz qualquer sentido o Estado amortizar empréstimos antecipadamente apenas para beneficiar a banca privada, sem qualquer contrapartida.
Caso se venha a verificar a participação do Estado, não devemos exigir menos do que, para além da participação na gestão e nos lucros, a garantia dos empréstimos e capitais públicos injectados em caso de falência do banco. Tal como ficou provado no BPN, não faz sentido nacionalizar o prejuízo de um banco, deixando de fora todo o património do grupo que o controla (SLN).
Mas existe ainda uma hipótese alternativa, que passa pela utilização dos 12 mil milhões para a criação de um banco público de investimento, a operar no universo da Caixa Geral de Depósitos, que financie a baixo custo projectos, públicos e privados, com interesse estratégico para o país. As vantagens deste modelo são óbvias, a começar pela óptica do emprego.
Assimcomo, ao tomar as suas decisões de gestão, um banco individual leva em consideração a sua situação financeira mas não “internaliza” as consequências da sua falência individual para a economia como um todo, os bancos privados muitas vezes recusam crédito a projectos que, apesar de não serem muito lucrativos, têm no seu conjunto uma importância estratégica para a economia nacional. A existência de um forte banco público, virado para o desenvolvimento de áreas estratégicas da economia, poderia enfrentar este problema e garantir o financiamento da actividade económica.
Em qualquer uma das opções o que se propõe não é a nacionalização de todo o sistema bancário. Muito pelo contrário, o presente desafio é impedir mais nacionalizações de prejuízos privados. Para tal, podemos começar por travar novas transferências de recursos públicos para o sector financeiro privado, até agora estéreis em termos de benefícios públicos.

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.