sexta-feira, 11 de março de 2011

Censura “Em defesa das Gerações Sacrificadas”

Não há inevitabilidades em política. Não aceitamos estar condenados à inevitabilidade do consenso recessivo que anima PS e PSD.
Não seria necessário, mas o debate até agora ocorrido mostra como o PS pretendeu transformar a discussão sobre as condições de uma governação falhada, cada vez mais mera navegação à vista, numa discussão sobre a natureza e a conveniência da moção de censura que o Bloco de Esquerda tomou a iniciativa de apresentar.
Desculpem o incómodo, mas não. Percebo o interesse e o quanto seria cómodo para o PS uma oposição de esquerda que vá dizendo umas coisas aqui, lembrando uns princípios acolá, mas só, claro, até onde é conveniente e cordato. Lamentamos, mas não fazemos política pela metade, não temos vocação para a irreverência inconsequente, não desistimos de nos bater por alternativas.
É por isso que o debate que aqui nos convoca hoje não é o de saber se o timing da censura ao Governo era o mais correcto para os calendários dos opinion makers, ou o mais conveniente para, nas impagáveis palavras de Passos Coelho, o PSD ir ao pote do poder.
Não, estamos aqui para discutir as condições da governação, ou a encruzilhada de um bloco central que governa sem assumir a paternidade do seu legado nem a responsabilidade pelos seus resultados. E a verdade é que PS e PSD são há tempo demais os mandatários de quem realmente manda em Portugal, PS e PSD revezam-se há tempo demais no cumprimento da mesma receita e dessa receita resulta o sacrifício de gerações perdidas para o entusiasmo da democracia. PS e PSD são a Situação. E o situacionismo bem comportadinho, obediente, razoável que une as duas bancadas do centro tem sido o caldo de cultura que arrasta o país para o abismo. Não o país todo, claro, mas os pobres condenados a mais miséria, os desempregados a mais desespero, os precários a mais humilhação. Essa é a grande maioria do país. É em nome dela que vimos aqui dizer basta! A Situação merece toda a censura do país.
Alguém que aterrasse hoje vindo de Marte, ainda julgaria que os dois partidos da Situação não estiveram juntos em todas as decisões centrais da vida política e económica nacional do último ano e meio. Mas estiveram. Estiveram juntos nos dois Programas de Estabilidade e Crescimento que aumentaram impostos e diminuíram os apoios aos desempregados. Estiveram juntos quando retiraram o abono a quase meio milhão de famílias, diminuíram o apoio aos estudantes mais carenciados e aumentaram os custos da saúde. E estiveram novamente juntos no Orçamento de Estado que aumentou novamente os impostos, diminuiu salários e cortou ainda mais nos apoios sociais.
Os dois partidos da Situação só rivalizaram entre si na proclamação pública de profundo pesar pela necessidade imperiosa de levar o país ao fundo. Um pediu desculpa, o outro garantiu que tinha pesadelos de noite. Mas ambos nos garantiram que os sacrifícios exigidos eram a única forma de sossegar a especulação dos mercados. Sabemos o resultado. Os juros nunca pararam de subir, ora incendiados pela nova imperatriz da Prússia, ora pela antevisão da recessão criada pelas medidas de austeridade.
O Governo do PS faz lembrar os curandeiros da Idade Média que, independentemente da doença ou dos sintomas, prescreviam sempre o mesmo: a sangria do doente. O resultado, como não podia deixar de ser, era o esperado: não morrendo da doença, morriam da pretensa cura. Assim está a obstinação deste consenso recessivo. Corta-se nos salários para contentar os mercados, e estes sobem os juros queixando-se dos efeitos recessivos das medidas aprovadas, levando o Governo a cortar ainda mais nos direitos sociais.
Esta espiral recessiva, sem fim à vista, conduziu-nos aqui. O Estado vai pagar mais 47% em juros, face a Janeiro, pelas obrigações do tesouro ontem vendidas em leilão. O Governo começou o seu primeiro mandato a prometer mais 150 mil empregos e o ano corrente terminará com mais de 800 mil desempregados. O programa eleitoral do PS prometia o reforço dos apoios sociais e o Governo, com o apoio do PSD, mostra hoje, orgulhoso, à Chanceler Merkel quanto já conseguiu poupar em subsídios de desemprego, em abonos de família ou em outros apoios sociais de sobrevivência. E, se a senhora achar conveniente, cortaremos mais, esteja tranquila. Eis em todo o seu esplendor o consenso do empobrecimento do país, da acomodação com o desemprego e a precarização crescente das relações laborais, especialmente notórias entre os mais jovens e qualificados. O consenso recessivo é a política da Situação e PS e PSD são os seus intérpretes.
É certo que, à direita se vive em negação cínica. Chegou a ser quase comovente ver a forma como as bancadas da direita, incluindo a do antigo director do Independente, competiram ontem entre si para ver quem aplaudia mais intensamente o discurso de Cavaco Silva. Mas a negação tem destas coisas: a forma enérgica como o PSD vibrou ontem com o Presidente da República, quando este defendeu que “há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos”, cobre de ridículo as suas escolhas políticas mais recentes.
Para quem não se lembre, estamos a falar do mesmo PSD que aprovou todas as medidas de austeridade do Governo e, não contente com as mesmas, ainda defende o fim da universalidade na educação e saúde, o que significaria evidentemente o mais gigantesco aumento de imposto alguma vez visto em Portugal.
A solução do Governo para reduzir a despesa tem sido a diminuição dos salários e outras despesas com pessoal na Função Pública, incluindo a aceleração do aumento da idade da reforma para os trabalhadores do Estado, e a redução do investimento público.
Ambas as soluções padecem de um defeito comum: não se dirigem a resolver as causas da recessão. Pelo contrário, acentuam a distorção da economia e reduzem a procura, prolongando efeitos recessivos, além de procederem a uma transferência suplementar de rendimento de quem tem sempre menos para quem tem sempre mais.
Não há inevitabilidades em política. Não aceitamos estar condenados à inevitabilidade do consenso recessivo que anima PS e PSD.
O Bloco censura o Governo em nome de uma alternativa. Ela existe. A de uma economia decente que aposte na redução do défice, cortando no desperdício e tributando os lucros, nomeadamente do sector financeiro, que insistem em escapar aos sacrifícios exigidos a todos os trabalhadores. Que não deprima o consumo interno, com a redução de salários e aumento de impostos, mas que anule os apoios fiscais injustificados às maiores empresas. Que tenha a decência de assumir que o trabalhador com funções permanentes não pode ser precário.
Este é o tempo de encarar de frente o situacionismo derrotista e de lhe opor a alternativa do cuidado concreto com os mais novos a quem ele roubou horizontes e com os mais velhos a quem ele condenou à exclusão. Talvez melhor que ninguém, Natália Correia causticou na Queixa das Almas Jovens Censuradas, essa capitulação diante da monstruosidade tida por inevitável: “Dão-nos um cravo preso à cabeça/ e uma cabeça presa à cintura/ para que o corpo não pareça/ a forma da alma que o procura.”
Hoje é de novo essa queixa funda que soa como clamor lá fora. O Bloco de Esquerda, com esta moção de censura, dá voz e corpo a essa alma que não desiste de achar que a vida pode ser de outra forma. Pode mesmo. Assim haja vontade e coragem políticas para fazer as escolhas certas. É desse lado que estamos.
Intervenção na Moção de Censura ao XVIII Governo Constitucional, “Em defesa das Gerações Sacrificadas”

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Comunicado do Bloco de Esquerda sobre a Escola EB2,3 de Minde

Consulte no link abaixo:

Requerimento ao Secretário de Estado do Ambiente

Bloco requereu a vinda do Secretário de Estado do Ambiente

à AR para esclarecer funcionamento da ETAR de Alcanena

O deficiente funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena, com mais de 20 anos, tem sido extremamente penalizador para a qualidade de vida e saúde pública das populações deste concelho, além de ser responsável pela poluição de recursos hídricos e solos.

Esta ETAR, destinada a tratar os efluentes da indústria de curtumes, foi desde a sua origem mal concebida, a começar por se situar em leito de cheia. Desde então os problemas são conhecidos e persistem: maus cheiros intensos; incumprimento regular dos valores-limite estabelecidos para o azoto e CQO das descargas de efluente tratado em meio hídrico; célula de lamas não estabilizadas, com deficiente selagem e drenagem de lixiviados e biogás; redes de saneamento corroídas, com fugas de efluentes não tratados para o ambiente; saturação da ETAR devido a escoamento das águas pluviais ser feita nas redes de saneamento.

Desde há muito que estes problemas são conhecidos e nada justifica, ainda mais com todo o avanço tecnológico existente ao nível do funcionamento das ETAR, que se chegue ao final de 2010 com esta situação. E pior se compreende quando é o próprio Ministério do Ambiente a constatar que gastou ao longo dos anos cerca de 50 milhões de euros para tentar responder a estes problemas.

Em Junho de 2009 foi assinado um protocolo para a reabilitação do sistema de tratamento de águas residuais de Alcanena pela ARH Tejo, o INAG, a Câmara Municipal e a AUSTRA (gestora da ETAR), com investimentos na ordem dos 21 milhões de euros de comparticipação comunitária.

Este protocolo inclui cinco projectos, os mais importantes dos quais com prazo final apenas em 2013, o que significa arrastar os principais problemas identificados até esta data. Como os prazos de início dos estudos destes projectos já sofreram uma derrapagem, dúvidas se colocam sobre o cumprimento dos prazos estabelecidos, ainda mais quando não há certezas sobre a disponibilização de verbas nacionais para co-financiar os projectos, tendo em conta o contexto de contenção actual.

Considerando a gravidade dos problemas causados pela ETAR de Alcanena para as populações e o ambiente, o deputado José Gusmão e a deputada Rita Calvário do Bloco de Esquerda solicitam uma audiência com o Secretário de Estado do Ambiente, com a finalidade de obter esclarecimentos sobre os investimentos previstos para a reabilitação do sistema de tratamento, as soluções escolhidas, o cumprimento de prazos, e as garantias que os mesmos oferecem para resolver o passivo ambiental existente, os focos de contaminação dos recursos hídricos e solo, os maus cheiros e qualidade do ar respirado pelas populações deste concelho. Seria de todo útil que o presidente ou representantes da ARH-Tejo estivessem presentes nesta audiência.

Lisboa, 17 de Dezembro de 2010.

A Deputada O Deputado

Rita Calvário José Gusmão

Direito a não respirar “podre” – SIM ou NÃO?





No passado domingo, dia 12 de Dezembro, no Auditório Municipal de Alcanena, realizou-se uma conferência, dinamizada pelo Bloco de Esquerda, sobre a poluição em Alcanena.
Esta sessão reuniu um grupo de ‘preocupados’, que primeiramente ouviram as exposições de especialistas sobre o assunto e, no final, trocaram experiências e pontos de vista, baseados na própria vivência, bem como em conhecimentos técnicos e científicos.
Ficou bem patente que se trata de um grave problema de há muito sentido, mas também desvalorizado, do qual até ao momento não se conhecem as verdadeiras implicações para a saúde pública, mas que transtorna a vida de todos os que vivem e trabalham no concelho, tornando desagradável e doentio o seu dia a dia.
Ficou também claro que o Bloco de Esquerda, aliado desta causa, não abandonará a luta, que será levada até onde os direitos das pessoas o exigirem.

Comunicado de Imprensa

Leia em baixo o Comunicado de Imprensa de 3 de Dezembro do Bloco de Esquerda em Alcanena.

Clique aqui para ler

Reclamamos o DIREITO A RESPIRAR

Bloco de Esquerda continua na senda de uma solução para o grave problema de poluição ambiental em Alcanena



Na passada sexta-feira, dia doze de Novembro, uma delegação, composta pelo Deputado do Bloco de Esquerda pelo Distrito de Santarém, José Gusmão, e mais dois elementos do Bloco, foi recebida pela administração da Austra, no sentido de esclarecer alguns pontos relativos ao funcionamento da ETAR e à poluição que de há muito tem afectado Alcanena, com acrescida intensidade nos últimos tempos.

O Bloco de Esquerda apresentou já um requerimento ao Ministério do Ambiente, aguardando resposta.

Após a reunião com a administração da Austra, realizou-se na Sede do Bloco em Alcanena uma Conferência de Imprensa para fazer o ponto da situação.

Da auscultação da Austra, ficou claro para o Bloco de Esquerda que a ETAR de Alcanena não reúne as condições minimamente exigíveis, quer do ponto de vista do cumprimento da lei, quer da garantia de índices de qualidade do ar compatíveis com a saúde pública e o bem estar das populações.

A delegação do Bloco de Esquerda obteve do presidente da Austra o compromisso da realização de operações de monitorização da qualidade do ar em Alcanena, a realizar o mais tardar em Janeiro. De qualquer forma, o Bloco de Esquerda envidará esforços para que essa monitorização ocorra de forma imediata.

Embora existam planos para a total requalificação dos sistemas de despoluição, registamos com preocupação a incerteza sobre os financiamentos, quer nacional quer comunitário. O Bloco de Esquerda opor-se-á a que estes investimentos possam ser comprometidos por restrições orçamentais, e exigirá junto do Governo garantias a este respeito.

A participação popular foi e continuará a ser um factor decisivo para o acompanhamento e controlo da efectiva resolução do problema da qualidade do ar em Alcanena.

No âmbito da visita do Deputado do Bloco de Esquerda, José Gusmão, ao Concelho de Alcanena, realizou-se um jantar-convívio no Restaurante Mula Russa em Alcanena, ocasião também aproveitada para dialogar sobre assuntos inerentes ao Concelho. Mais tarde, José Gusmão, conviveu com um grupo de jovens simpatizantes num bar deste concelho.

No sábado, dia treze de Novembro, José Gusmão e outros elementos do Bloco de Esquerda estiveram em Minde, no Mercado Municipal, distribuindo jornais do Bloco, ouvindo e conversando com as pessoas.

Neste mesmo dia, junto ao Intermarché de Alcanena, José Gusmão contactou com as pessoas e entregou jornais do Bloco de Esquerda.

Num almoço realizado em Minde, no Restaurante Vedor, com um grupo de aderentes e simpatizantes do Bloco, houve mais uma vez oportunidade para ouvir opiniões, experiências e expectativas, bem como de exprimir pontos de vista.

O Bloco de Esquerda continuará a luta por um direito que parece ser inerente à própria condição humana, mas que vem sendo negado às pessoas que vivem e trabalham em Alcanena – o direito de respirar ar “respirável” e de não ser posta em causa a sua saúde.


A Coordenadora do Bloco de Esquerda de Alcanena

Poluição em Alcanena: Requerimento à Assembleia da República

Pessoas esclarecidas conhecem o seu direito de respirar ar puro e lutam pela sua reconquista já que alguns até isto usurparam.

O Bloco de Esquerda encetou a luta pela despoluição de Alcanena na legislatura anterior e continuará a manifestar-se e a rebelar-se contra esta desagradável e injusta situação até que no nosso concelho possamos respirar de novo.


Veja aqui Requerimento apresentado pelo BE quanto à questão da poluição em Alcanena

Carta à AUSTRA

Carta entregue pelo grupo de cidadãos "Chega de mau cheiro em Alcanena" ao Presidente da Austra e Presidente da Câmara Municipal de Alcanena

INAUGURAÇÃO DA SEDE DO BLOCO DE ESQUERDA EM ALCANENA

Francisco Louçã inaugurou no passado domingo, dia 31 de Outubro, a Sede do Bloco de Esquerda em Alcanena. Na inauguração esteve também representada a Coordenação Distrital do Partido; estiveram presentes aderentes e convidados. Esta ocasião especial foi uma oportunidade de convívio, acompanhada de um pequeno beberete.
Francisco Louçã falou, como sempre, de forma clara e apelativa, abordando a actual situação crítica do país,apontando as razões, propondo alternativas e caminhos.
Baseando-se no Socialismo Democrático, o Bloco de Esquerda tem sido sempre activo na defesa dos valores da verdadeira Democracia, e propõe-se continuar essa luta. Esta nova Sede é mais um ponto de encontro, de trabalho, de partilha de pontos de vista e de tomada de iniciativas, possibilitando que se ouçam as vozes de todas as pessoas e transmitindo os seus problemas e expectativas.
Trata-se de um pequeno espaço, que representa uma grande vontade de mudança e que espera contar com a presença de todos os que partilhem os ideais de um concelho mais próspero, de uma sociedade mais justa e equilibrada, de um país realmente mais avançado.